Considerado o principal líder Yanomami, Kopenawa parte da terra indígena para prestigiar longa inspirado em seu livro e documentário sobre sua trajetória
Estreando sua participação no Festival do Rio, Davi Kopenawa, uma das principais lideranças indígenas do mundo, vem diretamente das terras Yanomami para o tapete vermelho do maior evento audiovisual da cidade. O xamã foi consultor e condutor da narrativa em “A Queda do Céu”, longa-metragem dirigido por Gabriela Carneiro da Cunha e Eryk Rocha, inspirado no livro homônimo escrito por Kopenawa e pelo antropólogo francês Bruce Albert. O filme terá sua première nacional no dia 11 de outubro, às 19h15, no Estação NET Gávea. No dia seguinte (12), às 13h30, o Cine Odeon exibe uma reprise seguida de debate, com mediação da antropóloga Tânia Stolze Lima. Ainda este mês, a produção participa da Mostra de Cinema de São Paulo, que acontece entre 17 e 30 de outubro. Em breve, o filme também terá sua estreia na França, pela La Vingt-Cinquième Heure, e nos Estados Unidos, pela Kimstim.
Durante o Festival do Rio, o líder indígena também estará presente na première de “Kopenawa: sonhar a terra-floresta”, novo documentário sobre sua vida e trajetória, dirigido por Marco Altberg e Tainá De Luccas. Mais informações estão disponíveis no site oficial do evento.
Nascido em 1956, na comunidade de Mõra mahi araopë, no extremo norte do Amazonas, Davi Kopenawa é o presidente da Hutukara Associação Yanomami, atuando como a principal liderança Yanomami na política. Também foi condecorado com a Ordem do Mérito do Ministério da Cultura e é membro da Academia Brasileira de Ciências. Em 2010, lançou, ao lado de Bruce Albert, o livro “A queda do céu – palavras de um xamã yanomami”, que serviu como objeto de inspiração para o filme em disputa no Festival do Rio, pela categoria Longas-documentários.
“A Queda do Céu” teve sua estreia mundial no Festival de Cannes, na Quinzena de Cineastas, mostra voltada para o cinema marcado pelo risco e autoralidade. Desde a sua estreia, o filme vem sendo premiado e selecionado para diversos festivais no mundo e no Brasil, com destaque para Prêmio de Melhor Documentário em Guanajuato, no México, e o Prêmio Especial do Júri no DMZ Docs, na Coreia do Sul, um dos maiores festivais de cinema asiáticos.
O roteiro do filme é centrado na festa Reahu, ritual funerário e a mais importante cerimônia dos Yanomami, que reúne centenas de parentes dos falecidos com a finalidade de apagar todos os rastros daquele que se foi e assim colocá-lo em esquecimento. A partir de três eixos fundamentais do livro (Convite, Diagnóstico e Alerta), o filme apresenta a cosmologia do povo Yanomami, o mundo dos espíritos xapiri, o trabalho dos xamãs para segurar o céu e curar o mundo das doenças produzidas pelos não-indígenas, o garimpo ilegal, o cerco promovido pelo povo da mercadoria e a vingança da Terra. Produzido pela Aruac Filmes, o filme é uma coprodução Brasil-Itália, da Hutukara Associação Yanomami e Stemal Entertainment com Rai Cinema, e produção associada francesa de Les Films d’ici.
“A floresta está viva. Só vai morrer se os brancos insistirem em destruí-la. (…) Então morreremos, um atrás do outro, tanto os brancos quanto nós. Todos os xamãs vão acabar morrendo. Quando não houver mais nenhum deles vivo para sustentar o céu, ele vai desabar.”
Davi Kopenawa
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