(Antes de partir, um último abraço pode fazer diferença)
Tuesday – O Último Abraço (Tuesday, 2024), longa-metragem estadunidense dramático, distribuído pela Paris Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 11 de julho de 2024, com classificação indicativa 14 anos e 111 minutos de duração.
A obra se destaca por sua abordagem sensível e imaginativa da temática da morte. Dirigido e roteirizado pela estreante Daina Oniunas-Pusic, o filme é uma fantasia dramática que narra a jornada de uma mãe e sua filha adolescente ao confrontarem a Morte, personificada de maneira inusitada como um pássaro falante. Com um elenco encabeçado por Julia Louis-Dreyfus e Lola Petticrew, a narrativa se desenrola em 111 minutos de uma experiência alucinógena que é tanto uma reflexão sobre o luto quanto uma exploração da resiliência humana diante do inesperado.
Na trama, a morte é simbolizada por um papagaio que escuta as dores e os últimos momentos de vida no mundo, viajando até esses indivíduos para auxiliá-los em sua transição. Tuesday é uma jovem de 15 anos enfrentando os estágios finais de uma enfermidade misteriosa. Sua mãe, incapaz de aceitar a realidade, se ausenta de casa, delegando os cuidados da filha a uma enfermeira e inventando desculpas sobre seu emprego. Ao encontrar a Morte, a garota não suplica por mais tempo de vida nem expressa temor, ao contrário, oferece piadas e o limpa. Ela passa tanto tempo na companhia da Morte que, pela primeira vez, ele se torna surdo aos clamores dos que estão à beira do fim. Contudo, a chegada inesperada da mãe, ainda em estado de negação, revela a extensão que um ser querido pode alcançar na tentativa desesperada de proteger aqueles que ama da inevitabilidade da morte.
O roteiro de Oniunas-Pusic é uma das joias do filme, tecendo diálogos que são ao mesmo tempo poéticos e autênticos. A escolha de representar a Morte como um pássaro falante é uma metáfora visual eficaz que desafia as convenções e convida à reflexão. Este elemento fantástico serve não apenas como um dispositivo narrativo, mas também como um meio de explorar a relação entre mãe e filha, e suas percepções individuais sobre o fim da vida.
A direção de arte contribui significativamente para a atmosfera mágica, enquanto a trilha sonora complementa as cenas com uma profundidade que amplia o impacto emocional. O desempenho de Louis-Dreyfus como a mãe, Zora, é poderoso e aflitivo, transmitindo uma mistura complexa de força e vulnerabilidade. Petticrew, como a filha Tuesday, oferece uma atuação igualmente destacável, capturando a essência de uma jovem lidando com questões de perda e amadurecimento.
A produção, com um orçamento modesto de US$ 2 milhões, demonstra que a criatividade e a inovação não estão necessariamente atreladas a grandes investimentos financeiros. O filme é recomendado para maiores de 14 anos, o que é apropriado considerando os temas maduros abordados.
Em suma, “Tuesday – O Último Abraço” é um filme que merece atenção por sua abordagem original e emocionante de temas universais. É uma adição valiosa ao gênero de fantasia dramática e um testemunho do talento emergente de Oniunas-Pusic no cinema. Com performances potentes e uma narrativa envolvente, é uma experiência que provoca, consola e permanece com o espectador muito depois de os créditos finais rolarem.
Repostado em https://www.parsageeks.com.br/2024/07/critica-cinema-tuesday-o-ultimo-abraco.html
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