(Uma bela obra com momentos fragmentados em estrutura não linear)
Todas as Estradas de Terra Tem Gosto de Sal (All Dirt Roads Taste of Salt, 2023), longa-metragem estadunidense do gênero drama, distribuído pela Pandora Filmes, com classificação indicativa livre e 92 minutos de duração.
A diretora americana Raven Jackson, nascida em 1990, é uma cineasta, poetisa e fotógrafa premiada do Tennessee. Este é o primeiro longa-metragem escrito e dirigido por Raven Jackson, e foi lançado pela A24. “Stories From a Place Where All Dirt Roads Taste of Salt”, o livro complementar do longa, está atualmente disponível no site oficial da A24.
Dirigido por Raven Jackson, o filme foge da narrativa convencional ao explorar a essência da memória e da experiência humana, apresentando ao público os momentos que compõem a vida de Mack, a protagonista, interpretada por Charleen McClure. Através de uma série de recordações fragmentadas, o filme desafia a linearidade do tempo, desbravando as memórias de Mack em uma narrativa que flui como um rio – às vezes calmo, às vezes turbulento.
A cinematografia, capturada em 35mm, é uma declaração de amor, pois cada quadro é meticulosamente composto, não apenas para contar uma história, mas para evocar uma sensação, um cheiro, um toque. O diretor de fotografia Jomo Fray cria imagens que são ao mesmo tempo íntimas e expansivas.
O filme não se apressa. Ele se move deliberadamente, permitindo que o público absorva cada cena, cada expressão e cada silêncio. Esta abordagem meditativa é reforçada pela edição de Lee Chatametikool, que corta a narrativa não para impulsionar a trama, mas para aprofundar a experiência sensorial do espectador. O som é outro elemento chave, pois a trilha sonora e o design de som trabalham em harmonia para ancorar as memórias de Mack no mundo físico, seja através do som de chuva ou do murmúrio de um riacho.
O elenco de apoio, incluindo Moses Ingram, Kaylee Nicole Johnson, Reginald Helms Jr., Sheila Atim, Chris Chalk, Jayah Henry e Zainab Jah, enraízam o filme na realidade, mesmo quando ele se aventura em territórios mais líricos e abstratos. As performances são contidas, mas carregadas de significado, trazendo em cada olhar e gesto, a história não dita de seus personagens.
Em resumo, “Todas as Estradas de Terra Tem Gosto de Sal” requer paciência por parte do público. Não é uma obra que se entrega facilmente, mas sim uma que convida à reflexão e à introspecção. É um filme sobre os pequenos momentos que formam nossas vidas, nos moldando e definindo quem somos, acrescido de uma experiência sensorial.
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