Síndrome da Apatia (por Peter P. Douglas)

            Síndrome da Apatia (Quiet Life, 2024), longa-metragem dramático grego, distribuído pela Imovision, estreou, oficialmente, nos cinemas brasileiros, durante o 1º Festival de Cinema Europeu Imovision, com classificação indicativa 12 anos e 109 minutos de duração.

            No seu mais recente longa-metragem, o cineasta grego Alexandros Avranas explora um tema profundamente delicado e ainda pouco familiar ao grande público: a síndrome da resignação infantil.

            Ambientado na Suécia em 2018, o filme foca em uma família de quatro pessoas. Natalia (Chulpan Khamatova) e Sergei (Grigory Dobrygin) foram forçados a fugir da Rússia após um ataque que quase tirou a vida do homem. Enquanto isso, uma síndrome misteriosa está afetando os refugiados, gerando grande preocupação. O casal se estabeleceu com suas duas filhas pequenas – Alina (Naomi Lamp) e sua irmã mais nova, Katja (Miroslava Pashutina) – esperando a decisão do conselho de migração sobre seu pedido de asilo. Após o pedido ser rejeitado, Katja entra em um coma misterioso, desencadeando uma espiral descendente aparentemente incontrolável.

            Embora o foco narrativo escolhido possa ser original e relevante, o que torna esta experiência cinematográfica particularmente problemática é seu ritmo extremamente lento, ainda mais exacerbado pela atuação monótona de todos os membros do elenco, incluindo a dos quatro protagonistas. Exceto por alguns momentos de raiva e histeria repentinas, tudo parece lento demais, silencioso demais e sutil demais. Ao mesmo tempo, em certos trechos, podesse ter dificuldade para reconhecer as vozes de cada personagem – e isso é particularmente perceptível quando se trata de ouvir os diálogos das mulheres adultas.

            De maneira geral, a abordagem minimalista de 360 graus, adotada pelo diretor, é visualmente elegante, mas não evoca empatia ou envolvimento emocional. Os cenários parecem pálidos e sem vida, enquanto os elementos técnicos — trilha sonora, design de produção, cinematografia e figurino — falham em deixar uma marca. O resultado é uma atmosfera de anonimato esmagador, possivelmente intencional, mas que, no fim das contas, se revela ineficaz.

            Além disso, o terço final do filme busca provocar uma resposta emocional, mas sem atingir plenamente seu objetivo. Nesta fase da história, o co-roteirista Stavros Pamballis com o diretor, acabam recaindo em clichês e um sentimentalismo exagerado. Isso se evidencia em momentos como a cena em que Sergei e Natalia alimentam as filhas com colheradas de sorvete ou na sequência em que a família, de óculos escuros, passeia pelo quarteirão tentando recriar uma sensação de normalidade. A trilha sonora suave e melancólica reforça essa abordagem, e durante os créditos, Avranas claramente sentiu a necessidade de adicionar algumas falas explicando o que é a síndrome da resignação infantil e seu impacto social atual, apenas para garantir que o público não tenha esquecido todo o propósito do filme.

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