Salamandra (2021), longa-metragem dramático brasileiro realizado em parceria com França, Alemanha e Bélgica, distribuído pela Pandora Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiro, a partir de 27 de junho de 2024, com classificação indicativa 18 anos e 116 minutos de duração.
O diretor recifense Alex Carvalho, em sua estreia no posto, opta por adaptar o romance literário “La Salamandre” escrito em 2005 pelo francês Jean-Christophe Rufin, que atuou como adido cultural do Consulado Francês no final dos anos 80, na cidade de Olinda, no estado do Recife, onde o longa foi integralmente filmado.
O roteiro, assinado também pelo diretor, traz uma narrativa que se desenrola através dos olhos de Catherine, interpretada pela atriz francesa Marina Foïs. A trama segue a jornada de Catherine, uma francesa que, após a morte de seu pai, viaja ao Brasil para se reconectar com sua irmã, mas acaba mergulhando em uma paixão arrebatadora com Gil, um jovem local interpretado por Maicon Rodrigues. O relacionamento dos dois é o foco central do filme. A direção de fotografia é marcada por cenas de sexo que sublinham o desejo intenso de Catherine.
O diretor Alex Carvalho opta por uma perspectiva singular, mantendo o espectador alinhado com as experiências e percepções de Catherine, sem revelar as intenções de Gil. Esta escolha narrativa intensifica a conexão do público com a vulnerabilidade da protagonista, especialmente quando ela decide investir em um negócio com seu novo amor, desafiando as preocupações de sua irmã Aude (Anna Mouglalis) e do marido dela, Ricardo (Bruno Garcia).
Entre críticas que podem ser apontadas, reside o fato do longa falhar em explorar profundamente os sentimentos e pensamentos da personagem além de sua paixão. A decisão repentina de Catherine de abrir um bar com Gil parece precipitada, e surgem lacunas que enfraquecem a dramaturgia, pois os eventos ocorrem sem um impacto claro na narrativa. Além disso, a trama não esclarece o papel de Pachá (Allan Souza Lima), o chefe de Gil, que acaba por arruinar os sonhos do casal, nem aborda as diferenças culturais e sociais entre os protagonistas de maneira significativa.
Os momentos finais do filme são particularmente belos, com Catherine na praia, contemplando o crepúsculo de sua aventura amorosa, deixando o espectador com uma sensação de incompletude sobre o destino da personagem.
Em suma, “Salamandra” se sustenta na atmosfera de um romance erotizado, mas deixa a desejar na exploração da jornada emocional de Catherine, não permitindo uma visão mais aprofundada de seus sentimentos internos. A performance de Marina Foïs é contida, refletindo as lacunas emocionais da personagem, e embora o filme tenha momentos de brilho, ele não consegue preencher completamente o espaço emocional que promete explorar.
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