Redenção (por Peter P. Douglas)

            Redenção (Maixabel, 2021), longa-metragem espanhol dramático, distribuído pela Pandora Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 28 de novembro de 2024, com classificação indicativa 12 anos e 115 minutos de duração.

            Dirigido por Icíar Bollaín, aborda temas de perdão, justiça restaurativa e reconciliação. O filme é baseado em eventos reais e conta com um elenco talentoso, incluindo Blanca Portillo, Luis Tosar e Urko Olazabal.

            A trama se passa onze anos após o assassinato de Juan Mari Jáuregui, ex-governador civil de Guipúzcoa, pelo grupo terrorista basco ETA. Sua viúva, Maixabel Lasa (Blanca Portillo), lidera a Associação das Vítimas do Terrorismo e se vê diante de uma escolha difícil: aceitar o pedido de perdão de um dos assassinos de seu marido, Luis Carrasco (Urko Olazabal), que está preso. Enquanto isso, Ibon Etxezarreta (Luis Tosar), outro dos assassinos, enfrenta o isolamento e a rejeição dos ex-amigos e companheiros de prisão.

            A narrativa mergulha na jornada de reconciliação de Maixabel, que busca entender não apenas o porquê dos atos de violência, mas também a possibilidade de perdão e paz. Enquanto ela se prepara para encontrar Luis, Ibon busca redenção e confronta o peso de suas ações passadas. O filme explora a complexidade das emoções envolvidas no processo de justiça restaurativa e a difícil jornada de superar o ódio e encontrar a humanidade em meio ao conflito.

            No imaginário popular, a Espanha evoca pensamentos de clima quente, comida requintada e grandes pintores. E, claro, tem tudo isso, mas a história política do país tem sido tudo, menos esteticamente agradável. No século XX, a Espanha sofreu com uma guerra civil, a ditadura de Franco, um movimento de independência catalão e um movimento de independência basco Euskadi Ta Askatasuna (ETA). É precisamente este último o foco do filme. O grupo separatista ETA realizou assassinatos e atentados que tiraram a vida de mais de 800 indivíduos em nome da independência basca. Baseado em eventos reais, o drama se concentra nas vidas de um punhado de membros do ETA e suas vítimas.

            O filme mostra claramente a arbitrariedade e o absurdo da violência. Em determinado momento, os membros do ETA dizem a Maixabel que não tinham ódio pessoal pelo marido dela. Eles estavam simplesmente seguindo ordens. Luis e Ibon também revelam a ela que um cara ou coroa decidiu quem puxou o gatilho para assassinatos em seu esquadrão.

            Deve ser dito, no entanto, que a narrativa não é tão convincente quanto se gostaria que fosse. Há uma certa monotonia no clima. Não está claro se isso é intencional para não sensacionalizar as coisas ou devido a uma falha real na narrativa. Além disso, aqueles com pouco conhecimento da história ou política espanhola podem se sentir um pouco confusos durante trechos do filme em que pouco contexto é fornecido.

            O ETA renunciou à violência em 2011. Mais uma vez, ficamos nos perguntando se todo o derramamento de sangue valeu a pena por uma causa que, no fim das contas, terminou em uma declaração de paz. Ninguém ousaria dizer que a paz, seja declarada muito cedo ou muito tarde, nunca é bem-vinda. Não podemos deixar de considerar se vale a pena iniciar a violência em primeiro lugar. O filme argumenta que certamente não.

            Em resumo, “Redenção” é um filme que, apesar de seus deslizes, oferece uma visão sensível e profunda das complexidades do perdão. É uma obra que vale a pena assistir, especialmente para aqueles que apreciam dramas emocionais e histórias baseadas em eventos reais.

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