Receba! (2021), longa-metragem nacional do gênero ação, distribuído pela Olhar Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 24 de outubro de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 82 minutos de duração.
Dirigido por Pedro Perazzo e Rodrigo de Luna Vieira, adapta o livro “A Guerra dos Bastardos (2007)” de Ana Paula Maia. Ao transportar a narrativa para Salvador, distancia-se do tom original da obra, porém mantem-se elementos essenciais do enredo. A trama gira em torno de uma bolsa roubada contendo uma fortuna, desencadeando uma série de eventos que entrelaçam as vidas de personagens como uma ex-atriz endividada, um policial corrupto com medo de sangue, sua parceira em abstinência de nicotina, e um rapaz azarado que se encontra no epicentro do caos.
A direção de Perazzo e Luna é corajosa ao optar por um “noir diurno esculhambado”, uma escolha estilística que confere ao filme uma identidade visual e narrativa distintas. O elenco, composto inteiramente por atores baianos, destacando-se Edvana Carvalho, entrega atuações sólidas.
No entanto, enquanto a narrativa é inteligente e cheia de possibilidades, algumas subtramas parecem subdesenvolvidas, deixando o espectador querendo mais. Além disso, a exploração de arquétipos do gênero policial, embora feita com consciência fílmica, às vezes resvala no previsível. A edição, embora criativa, pode confundir com sua estrutura não linear, exigindo atenção constante do público para acompanhar as reviravoltas da história.
A trilha sonora é um ponto alto, contando com artistas contemporâneos da Bahia como Afrocidade, Baco Exu do Blues e TrapFunk&Alivio. A escolha da música “Virá” de Josyara e Giovani Cidreira nos créditos finais é um exemplo do cuidado na seleção musical. O humor, uma característica marcante do filme, é bem dosado, equilibrando o suspense e a ação, mas em alguns momentos, a comédia parece forçada, quase à beira do farsesco.
Em resumo, “Receba!” merece reconhecimento por sua ousadia e inovação dentro do cinema nacional. Apesar de suas falhas, oferece uma experiência gratificante e uma narrativa esperta que reflete a cultura baiana.
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