Pasárgada (por Casal Doug Kelly)

            Pasárgada (2023), longa-metragem nacional dramático, distribuído pela Bretz Filmes, estreou, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 26 de setembro de 2024, com classificação indicativa 14 anos e 90 minutos de duração.

            Marcando a estreia da atriz Dira Paes na direção, é uma obra que navega entre a beleza estética e a confusão narrativa. A trama segue Irene, interpretada pela própria Dira Paes, uma ornitóloga que se embrenha na Mata Atlântica para um mapeamento clandestino de pássaros, trabalho que realiza para um grupo criminoso que pratica tráfico de animais. No entanto, alguns acontecimentos irão alterar a percepção que Irene tem sobre si mesma e sobre o que faz.

            O filme se destaca por suas imagens deslumbrantes da natureza, que buscam estabelecer uma conexão profunda com o espectador, mas peca por deixar lacunas em sua narrativa, exigindo que o público preencha os espaços com suas próprias interpretações. Embora o longa proponha reflexões sobre desconstruções e culpas do presente, muitas vezes ele falha em comunicar uma mensagem clara, especialmente ao abordar temas complexos como o tráfico de animais sem aprofundar-se suficientemente. Tenta se posicionar como uma denúncia, mas sua execução deixa a desejar, não alcançando o impacto esperado em seu discurso ambiental e social.

            A construção do enredo em torno de Irene e suas interações com outros personagens parece fragmentada, o que pode gerar uma sensação de desconexão com a jornada da protagonista. A narrativa também explora a relação de Irene com sua família e seu passado, mas esses elementos parecem mais como pinceladas abstratas do que como partes integrantes da história, resultando em uma alegoria que confunde mais do que esclarece.

            Em suma, “Pasárgada” é uma obra que oscila entre o potencial de sua visão artística e as limitações de sua execução narrativa. Enquanto visualmente cativante e com uma atuação central poderosa, o filme deixa a desejar em termos de coesão e clareza, tornando-se uma experiência que não é totalmente satisfatória. É uma estreia promissora para Dira Paes como diretora, que, apesar dos tropeços, sugere um potencial interessante para futuros projetos.

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