O Último Moicano (por Peter P. Douglas)

            O Último Moicano (Le Mohican, 2024), longa-metragem dramático francês, distribuído pela Imovision, estreou, oficialmente, nos cinemas brasileiros, durante o 1º Festival de Cinema Europeu Imovision, com classificação indicativa 14 anos e 87 minutos de duração.

            “Você se tornou uma anomalia na paisagem. Sabe muito bem como isso vai terminar, não preciso desenhar.” Quando sua própria existência é ameaçada por figuras perigosas, restam apenas duas opções: submeter-se ou enfrentá-las, assumindo os riscos. O protagonista taciturno e obstinado de “O Último Moicano”, segundo longa-metragem de Frédéric Farrucci, escolhe sem hesitação a última alternativa.

            O cenário é a Córsega, um lugar onde cada pessoa tem uma personalidade única e que é marcado por crimes que vão desde negócios à beira-mar até um movimento independentista oculto.

            Apelidado de “o último dos moicanos” por um amigo, Joseph (Alexis Manenti) é o último a manter seu rebanho de cabras ao longo da costa da península de Santa Manza. O pastor solitário não esconde sua inquietação diante da visita inesperada de compradores que conhece bem. Como admite um vizinho que já vendeu suas terras: “Você não diz NÃO a essas pessoas.”

            E eles logo retornam — armados. A situação foge ao controle e Joseph, após deixar um morto para trás, se refugia no mato. Agora, ele é procurado pela polícia e perseguido por seus inimigos, enquanto sua sobrinha Vannina (Mara Taquin) investiga por conta própria e alimenta a lenda do tio nas redes sociais.

            Nas paisagens imponentes da Alta Rocca, capturadas com qualidade pela diretora de fotografia Jeanne Lapoirie, desenrola-se uma versão atual da clássica batalha entre Davi e Golias. Esta é uma história de sobrevivência intensa e visceral, protagonizada por um homem que, longe de ser um herói, acaba se tornando um graças ao eco amplificado do mundo digital.

            A narrativa avança no ritmo do fugitivo, embalada pela trilha sonora, enquanto o roteiro — assinado pelo próprio diretor — mergulha nos dilemas que assolam a Córsega, onde amizade e raízes têm um valor inestimável, mesmo sob a sombra da morte.

            Frédéric Farrucci expõe com precisão os perigos dessa luta desigual, cujo desfecho é essencial para o futuro da Île de Beauté, ameaçada pela especulação imobiliária impulsionada pelo turismo e pelo crime organizado. O resultado é um filme que presta homenagem ao faroeste e promete conquistar todos os públicos.

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