O Mensageiro (por Peter P. Douglas)

(Nem todos são iguais, ainda que se pense assim)

            O Mensageiro (2023), longa-metragem nacional dramático, distribuído pela Imovision, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, no dia 15 de agosto de 2024, com classificação indicativa 14 anos e 108 minutos de duração.

            Dirigido por Lúcia Murat, o filme apresenta uma narrativa que segue a história de Vera, interpretada por Valentina Herszage, uma jovem presa durante o regime autoritário. A trama se desenrola quando Vera, confinada em uma fortaleza militar, cruza caminhos com o soldado Armando, vivido por Shico Menegat, que se oferece para entregar uma mensagem à sua família. Este simples ato de humanidade desencadeia uma série de eventos que conectam Armando à mãe de Vera, Maria, interpretada pela talentosa Georgette Fadel. O que começa como uma missão de misericórdia logo se transforma em um vínculo emocional complexo e profundo, desafiando as barreiras sociais e ideológicas que os separam.

            O roteiro, coescrito por Murat e Tunico Amâncio, possui diálogos críveis e momentos de silêncio que falam mais alto do que palavras. A história é contada de forma que respeita a inteligência do público, evitando clichês e explorando as nuances de cada personagem. Floriano Peixoto, no elenco de apoio, traz uma perspectiva própria para o mundo construído por Murat.

            No entanto, nem tudo é positivo. O ritmo do filme se arrasta demais, especialmente no segundo ato, onde a narrativa poderia ser mais enxuta. Alguns diálogos parecem desconectados das motivações dos personagens, o que pode deixar o espectador confuso quanto às suas verdadeiras intenções. Além disso, a trilha sonora, embora geralmente eficaz, em certos momentos parece intrusiva e um tanto deslocada do tom que as cenas pretendem transmitir. Apesar desses deslizes, o público ainda se mantem engajado, vez que tanto a trama, como as subtramas, despertam curiosidade para saber como irão terminar.

            Em suma, “O Mensageiro” é um filme que, apesar de suas falhas, merece ser visto, não apenas pelo seu valor artístico, mas também pelo seu comentário social e histórico. Ele oferece um olhar íntimo sobre um período turbulento da história brasileira, ao mesmo tempo em que celebra a resiliência.

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