O Estranho (por Rodrigo Coli)

Rodrigo Coli

Resgatando as origens da selva de pedra que se tornou a cidade de Guarulhos, O ESTRANHO emerge a importância dos ancestrais desse local.

Possuindo o Aeroporto Internacional de Guarulhos como o seu maior plano de fundo, os arredores complementam para ilustrar a transformação territorial que acontecera nos últimos séculos.

A premissa inicial inova em abordar uma passagem de tempo criativa que, mesmo sem falar nada, conta muito sobre como era essa região e convida o espectador à empatia aos povos originários daquela terra.

A fotografia capta com precisão o ambiente, buscando sempre enquadramentos que ressaltem os detalhes e os sentimentos vividos pelos personagens em tela.

Apesar da premissa promissora, as roteiristas não souberam como conduzir a história, não construindo uma narrativa, inserindo diversas cenas que não contribuem para o desenvolvimento da trama.

A captação do som está límpida e se faz merecidos os prêmios vencidos no Brasil e no exterior, porém não sustenta sozinha uma disconexa história que se perde no intuito de ressaltar as feridas indígenas impregnadas nessa área.

Descadenciado, perdido entre ficção e documentário, o amadorismo ressalta, ainda que a intenção seja válida, a dissipação do tema é esvaído ao nada, perdendo uma grande chance de melhor explorar o processo de colonização e a agressiva ocupação do território metropolitano de São Paulo.

Título original: O Estranho (2023)
Longa-metragem Brasileiro
Classificação Indicativa: 14 anos
Duração: 1h48min
Gênero: Drama
Direção: Flora Dias, Juruna Mallon
Roteiro: Flora Dias, Juruna Mallon
Elenco Principal: Larissa Siqueira, Rômulo Braga, Patrícia Saravy

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