O Clube das Mulheres de Negócios (por Peter P. Douglas)

            O Clube das Mulheres de Negócios (2022), longa-metragem nacional de comédia e drama, distribuído pela Vitrine Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 28 de novembro de 2024, com classificação indicativa 18 anos e 94 minutos de duração, dirigido por Anna Muylaert.

            A trama se desenrola em um clube exclusivo para mulheres de negócios, liderado por Cesárea, que convoca uma reunião secreta com suas associadas para discutir uma nova oportunidade de investimento. A reunião ocorre em uma segunda-feira, dia em que o clube normalmente estaria fechado, sugerindo um desejo de manter a negociação longe dos olhares curiosos. No entanto, a presença indesejada de onças soltas pelo clube e de jornalistas convidados, trarão tensão e intriga.

            O filme utiliza a sátira para subverter estereótipos de gênero, mostrando mulheres em posições de comando e homens em papéis tradicionalmente associados à submissão. A narrativa é pontuada por situações absurdas e críticas sociais, abordando temas como machismo, classismo e corrupção.

            O elenco é composto por nomes renomados do teatro, cinema e televisão brasileiros. Cristina Pereira interpreta Cesárea, a presidente do clube, enquanto Louise Cardoso vive sua fiel escudeira, Brasília. Irene Ravache dá vida à Norma e, André Abujamra interpreta Raul, o marido submisso. Outros destaques incluem Katiuscia Canoro como Zarife, uma mulher destemperada que aspira à presidência do Brasil, e Grace Gianoukas como a vaqueira predadora Yolanda. No elenco masculino, nomes como Luís Miranda e Rafael Vitti, interpretando os jornalistas.

            A diretora, conhecida por seu trabalho em “Que Horas Ela Volta?” (2015) e “Mãe Só Há Uma” (2016), traz uma abordagem provocativa e bem-humorada para o longa, fazendo o público refletir sobre as estruturas de poder vigentes, utilizando humor e sátira para questionar o status quo.

            No entanto, a narrativa enfrenta desafios ao tentar manter a coerência entre suas mensagens provocativas e a estrutura do enredo. A primeira parte do filme é eficaz em estabelecer paralelos estereotipados e abrir um leque de reflexões sobre gênero, classe e corrupção. Contudo, a chegada de elementos abstratos e delirantes na segunda metade desvia o foco e torna a narrativa menos coesa.

            Em resumo, “O Clube das Mulheres de Negócios” é uma obra que mistura comédia, drama e pitadas de suspense, em uma distopia que conta com um elenco talentoso e uma direção ousada, provocando risos e reflexões, ainda que nem todas as suas propostas sejam plenamente realizadas.

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