O Aprendiz (por Peter P. Douglas)

            O Aprendiz (The Apprentice, 2024), longa-metragem estadunidense dramático, distribuído pela Diamond Films, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 17 de outubro de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 120 minutos de duração.

            Mergulha na vida e ascensão de Donald Trump, interpretado por Sebastian Stan. O diretor Ali Abbasi oferece uma narrativa que oscila entre a admiração e a crítica ao sistema que permite a ascensão de figuras como Trump. Através de uma mistura de imagens de arquivo e recriações dramáticas, o filme explora a relação simbiótica entre Trump e seu mentor, Roy Cohn, interpretado por Jeremy Strong, destacando a influência deste na formação do caráter e ética de negócios de Trump.

            A cinematografia do filme captura a essência das décadas de 70 e 80 com uma transição suave do granulado para o digital, refletindo não apenas a evolução temporal, mas também a progressão do protagonista de um jovem ambicioso para um magnata sem escrúpulos. O design de produção e os figurinos são opulentos, com cenários frequentemente banhados em tons dourados, simbolizando a obsessão de Trump pelo poder e riqueza.

            No entanto, o filme não se esquiva de mostrar o lado mais sombrio de Trump. As atuações entregam uma transformação verossímil de um homem que começa com uma ambição inocente e se torna alguém que manipula e descarta aqueles ao seu redor sem remorso. A relação de Trump com Ivana, interpretada por Maria Bakalova, mostra como suas atitudes em relação a ela mudam de amorosas para desprezíveis à medida que ele sobe na hierarquia social.

            O longa é eficaz ao entrelaçar a história pessoal de Trump com críticas ao sistema político e econômico americano, sugerindo que sua ascensão é emblemática de uma cultura que valoriza o sucesso a qualquer custo. O filme é uma reflexão sobre o capitalismo desenfreado e a política externa dos EUA, usando a vida de Trump como uma metáfora para as práticas predatórias do país no cenário global.

            Apesar de suas qualidades, o filme pode ser criticado por às vezes parecer mais um estudo de personagem do que uma narrativa coesa. Alguns espectadores podem achar que o filme peca por não oferecer uma crítica mais profunda ou soluções para os problemas que apresenta. Além disso, a mistura de técnicas de filmagem, embora inovadora, pode ser desconcertante para alguns, com mudanças abruptas de estilo que podem distrair da história.

            Em resumo, “O Aprendiz” é um filme que provoca reflexão, com performances fortes e uma direção que não tem medo de explorar a complexidade de seu assunto. Embora possa não ser perfeito em sua execução, oferece uma visão intrigante e muitas vezes perturbadora de uma figura que moldou a história recente.

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