Novo Filme de Sandra Kogut é Selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE é um arquivo do presente sobre o processo eleitoral de 2022, que culminou no 8 de janeiro

Novo longa de Sandra Kogut, NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE, estreia na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O documentário será exibido no evento nos dias 18/10, às 19h10, na Cinemateca e no dia 22/10, às 15h45, no Espaço Augusta de Cinema.

O filme, que já passou por inúmeros festivais de prestígio, como 27o Festival de Málaga; Dok.fest München 2024; 26o Festival du Cinéma Brésilien de Paris; Festival Biarritz Amérique Latine; Brésil en Mouvements 2024; Fidba Buenos Aires e Festival do Rio, saiu consagrado do 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, com o Troféu de Melhor Montagem e com o Prêmio Especial do Júri.

Na obra, acompanhamos de perto os meses turbulentos do período eleitoral que culminaram na invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF em 8 de janeiro de 2023. Por meio do olhar e da vivência de alguns personagens envolvidos no processo das eleições, mergulhamos num Brasil de tensão e expectativa, onde coexistem realidades paralelas que têm dificuldade de se enxergar mutuamente. Um registro de um momento da história do país em que a democracia esteve seriamente em jogo.

O documentário, destaca a diretora, não é apenas sobre o período eleitoral, é “também sobre todo o medo e tensão que estavam contidos naquele momento, as realidades paralelas, fake news”. O filme é produzido pela Ocean Films, Marola Filmes, Kiwi Filmes, em co-produção com Globo News, Globo Filmes e Canal Brasil e tem distribuição da O2Play.

NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE acompanha uma série de personagens de vários pontos do espectro político ao longo do ano. A intenção é retratar como essas figuras, que fazem parte de maneiras diferentes do processo político, mas sem estar geralmente no centro das atenções, observam e lidam com as tensões, dificuldades, angústias e ansiedades daquele ano eleitoral. O filme conta ainda com a participação especial de Antonia Pellegrino.

“Geralmente nessas situações olhamos para quem está no centro da imagem, no centro do poder: os candidatos. Mas e os que estão ali do lado? No fundo? Junto? Sem eles o processo não existe. Eu queria esses olhares. Tanto que algumas imagens de momentos marcantes, como o dia da posse, vemos por um ângulo que não foi aquele das  imagens oficiais. A visão dessas pessoas que não estão habitualmente no centro sempre me interessou, nos meus outros filmes também lidei com isso. No processo eleitoral é impressionante ver quanta gente trabalha, se dedica, se envolve. É o esforço máximo da democracia”, afirma Sandra Kogut.

Outras figuras que também estão em destaque no longa são voluntários que trabalham nas eleições, que fazem o processo eleitoral e a democracia acontecer. Isso permite descobrir coisas geralmente pouco retratadas na mídia, como o funcionamento das urnas eletrônicas.

Kogut explica que ao acompanhar a história no calor e tensão do momento, o filme se torna um documento que nos permite olhar para o passado recente, e tentar compreendê-lo. “Sabia que era um momento importante para nós brasileiros com tanta coisa séria em jogo. Eram coisas que iríamos querer olhar novamente ao longo dos anos. Um dia até explicar no futuro, para nossos filhos, o que foi esse momento que, às vezes, parecia tão absurdo até. Pensava, coitado dos professores de história no futuro.”

Com personagens espalhadas por várias cidades – como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Anajás (na Ilha de Marajó), Belém, Curitiba – a diretora explica que a internet foi um dispositivo muito útil nas filmagens do documentário. 

A gente filmou ao longo de muitos meses, e construímos uma relação de confiança, sem a qual o filme não teria existido. Muitas vezes falei com eles por zoom, que me permitiu entrar numa relação mais próxima, direta, de um pra um . No dia 8 de janeiro, por exemplo, falei com vários personagens ao mesmo tempo, enquanto as invasões aconteciam . Isso teria sido  impossível se tivéssemos que ir com uma equipe. Era importante ter um dispositivo de filmagem que fosse híbrido e flexível para lidar com a imprevisibilidade do momento. A gente vivia com o coração na boca, sem idéia do que ia acontecer”

Kogut define que cinema é sempre um olhar, uma maneira de estar no mundo e, naquele momento tão conturbado, teve a sorte de estar fazendo um filme, que é uma forma muito rica, complexa e intensa de atravessar um momento tão extremo como aquele. “Quando vejo o filme, revivo muita coisa, como acho que isso vai acontecer com todo mundo. Vendo o  filme, cada um   vê também seu próprio filme que passa na cabeça. Fico feliz que tenha conseguido chegar ao final desse filme, que ele exista hoje e a gente possa mostrar.”

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