Ninguém Sai Vivo Daqui (por Casal Doug Kelly)

            Ninguém Sai Vivo Daqui (2023), longa-metragem nacional dramático com toques de terror e horror, distribuído pela Gullane Entretenimento, estreia, oficialmente, nos cinemas, no dia 11 de julho de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 88 minutos de duração.

            O livro “Holocausto Brasileiro”, de Daniela Arbex, destaca-se por sua abordagem impactante dos eventos sombrios ocorridos no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, conhecido como “Colônia”. As imagens chocantes reveladas pela revista Cruzeiro na década de 1960 ilustram a severidade das condições enfrentadas pelos pacientes, onde mais de 60 mil vidas foram ceifadas sob circunstâncias desumanas. A obra não só relata a morte indigna desses indivíduos, mas também denuncia a comercialização de seus corpos, levantando questões profundas sobre direitos humanos e ética médica. A adaptação para o cinema, dirigida por André Ristum, não tem o tom tão pesado quanto o do livro.

            A trama do longa apresenta Elisa, papel de Fernanda Marques, que em 1971 é levada ao “Colônia” pelos pais como punição por ficar grávida de seu namorado, enquanto estava noiva de outro. Esse evento é fundamental para o desdobramento de sua história, com o roteiro enfatizando a normalização das internações, uma prática comum naquela instituição. No começo, a narrativa aborda a situação de Elisa de maneira delicada, o sofrimento dela não é mostrado. A atmosfera muda quando Elisa tenta fugir, mas sua tentativa é abruptamente interrompida pela morte de uma amiga e sua captura. Como punição, ela é forçada a passar por sessões de eletrochoque e em cenas rápidas, surge a insinuação de um aborto, fato que só é confirmado mais tarde.

            É essencial destacar que o longa-metragem é uma condensação da série “Colônia” de 2021, que se estende por dez episódios. A conversão para o formato de filme conferiu à história um ritmo mais rápido, proporcionando uma experiência mais fluída e acessível para os espectadores. A trama se desenvolve de maneira suave, o que permite um melhor acompanhamento da história. No entanto, a exclusão de alguns pormenores levou a uma caracterização mais rasa dos personagens de apoio, e suas mortes, por não serem suficientemente aprofundadas, não conseguem despertar a empatia esperada do público.

            Em suma, “Ninguém Sai Vivo Daqui” é muito bom, trazendo uma trama intensa e inquietante, que pode ser um desafio para o público, principalmente ao se dar conta de que os eventos mostrados são, na verdade, baseados em acontecimentos reais.

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