Nayola, Em Busca de Minha Ancestralidade (por Peter P. Douglas)

            Nayola, Em Busca de Minha Ancestralidade (Nayola, 2022), longa-metragem de animação, coprodução Portugal, Bélgica, França e Países Baixos, distribuído pela Fênix Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 21 de novembro de 2024, com classificação indicativa 12 anos e 83 minutos de duração, dirigida por José Miguel Ribeiro, baseada no conto “A Caixa Preta” dos escritores Mia Couto (moçambicano) e José Eduardo Agualusa (angolano).

            A história acompanha três gerações de mulheres angolanas afetadas pela Guerra Civil Angolana, que durou 27 anos (1975-2002). Nayola, a protagonista, é filha de Lelena e mãe de Yara. Durante o auge do conflito, Nayola embarca em uma jornada perigosa em busca de seu marido Ekumbi, que desapareceu. Sua busca corajosa resulta em seu próprio desaparecimento, deixando sua mãe Lelena e sua filha Yara para lidar com as consequências.

            Décadas depois, em um presente onde Nayola nunca retornou e o país está em um estado frágil de paz, Yara é uma jovem rapper e ativista política que enfrenta constante discriminação e perseguição policial nas ruas de Luanda. A avó Lelena, preocupada com a segurança de Yara, tenta manter a família unida. A trama se intensifica quando um intruso mascarado invade a casa de Lelena e Yara, perturbando o frágil equilíbrio de suas vidas.

            O filme, premiado nos festivais internacionais que participou, emprega uma combinação de técnicas tradicionais e modernas (mescla estilos gráficos e animação 2D e 3D), para capturar tanto a beleza quanto a dor da história angolana. O roteiro aborda de forma sensível e poética os impactos da guerra, destacando a importância da memória e da resiliência. O diretor demonstra sua habilidade ao criar uma narrativa visualmente impressionante que ecoa emocionalmente.

            As performances vocais – apesar do sotaque português soar um pouco diferente para os ouvidos do público brasileiro – deram autenticidade aos personagens, com Feliciana Délcia Guia, Vitória Adelino Dias Soares e Elisângela Rita dando vida às protagonistas. A trilha sonora complementou a atmosfera do filme, acrescentando ainda mais emoção à narrativa.

            Em resumo, “Nayola, Em Busca de Minha Ancestralidade” é uma animação que oferece uma visão poderosa e comovente de como o trauma da guerra é transmitido e como as novas gerações tentam superar o passado. É uma obra visualmente gratificante, que vale a pena assistir, especialmente o público que aprecia narrativas ricas e envolventes.

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