Memorias de Un Cuerpo Que Arde (por Peter P. Douglas)

(Todas as histórias devem ser contadas)

            Memorias de Un Cuerpo Que Arde (Memories of a Burning Body, 2024), longa-metragem dramático, falado em espanhol, co-produzido entre Espanha e Costa Rica, com classificação indicativa 14 anos e 90 minutos de duração.

            A diretora Antonella Sudasassi Furniss apresenta uma obra que é tanto um drama quanto um documentário, refletindo sobre a experiência feminina em diferentes estágios da vida. O filme segue Ana, Patricia e Mayela, mulheres criadas em uma época repressiva, cujas vozes agora se fundem na de uma mulher de 65 anos, revisitando um passado silenciado.

            A abordagem do filme pode ser considerada por muitos como tediosa, uma vez que não oferece novas perspectivas sobre questões já amplamente discutidas em outras obras. No entanto, é impossível não elogiar a estrutura formal do filme, pela maneira como as vidas das três mulheres são construídas em uma única história.

            A performance de Liliana Biamonte deve ser destacada, trazendo à tona a complexidade de uma existência marcada por regras não ditas e imposições implícitas. O filme é uma homenagem às mulheres que poderiam ser nossas avós, permitindo-lhes revelar aspectos de suas vidas que antes permaneciam ocultos. A decisão de manter o anonimato dos rostos das mulheres enquanto suas histórias são contadas é uma escolha artística que reforça o tema da invisibilidade feminina. As confissões gravadas são o coração da narrativa, oferecendo um olhar íntimo e muitas vezes doloroso sobre as experiências das mulheres no século passado.

            Em resumo, “Memorias de Un Cuerpo Que Arde” é uma obra que pode não ser universalmente apreciada, mas certamente provocará discussões sobre a representação da mulher e a importância de dar voz às experiências femininas muitas vezes marginalizadas, entrelaçando memórias, segredos e desejos sob o peso do tabu.

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