Megalópolis (por Peter P. Douglas)

            Megalópolis (Megalopolis, 2024), longa-metragem estadunidense de ficção científica, distribuído pela O2 Play, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 31 de outubro de 2024, com classificação indicativa 12 anos e 138 minutos de duração.

            O ambicioso projeto de Francis Ford Coppola, é uma construção complexa de ideias e narrativas que se entrelaçam para criar uma visão distópica e ao mesmo tempo utópica de uma sociedade futurista. O filme, ambientado em uma Nova Roma que espelha a Nova York atual, é uma reflexão sobre as estruturas sociais e como elas falham com a humanidade devido à falta de visão.

            A trama segue Cesar Catalina, interpretado por Adam Driver, um arquiteto com a habilidade quase mística de parar o tempo e trabalhar com um material mágico chamado Megalon. O enredo se desenrola em torno de suas batalhas com o prefeito de Nova Roma, Franklyn Cicero, vivido por Giancarlo Esposito, e a complexa teia de relações políticas e pessoais que definem a cidade.

            A narrativa é pontuada por performances que variam de profundas a superficiais, com alguns personagens se sobressaindo, enquanto outros parecem não alcançar seu potencial completo. Por exemplo, a performance de Driver como Cesar é carregada de intensidade e propósito, enquanto a personagem Wow Platinum, interpretada por Aubrey Plaza, apesar de seu nome intrigante, não alcança o esperado. O filme também conta com a participação de Jon Voight como Hamilton Crassus III, um poderoso banqueiro que se envolve em uma trama secundária que envolve traição e poder.

            Visualmente, o longa é estonteante, com escolhas cinematográficas audaciosas que colocam atuações às vezes rasas contra um pano de fundo de floreios cinematográficos profundos. A direção de arte e os efeitos visuais são muito bem trabalhados. A cinematografia captura a grandiosidade da visão de Coppola, com cenas que são alternadamente desconcertantes e de tirar o fôlego.

            No entanto, o filme sofre de um excesso de ambição em alguns momentos, com tantas ideias e temas que às vezes se torna difícil seguir a narrativa central. A história é relativamente tradicional quando se considera seu arco completo, mas o filme não é tanto sobre contar uma história, e sim sobre explorar a maravilha da visão selvagem de Coppola. É um projeto claramente pessoal.

            Em termos de enredo, é uma explosão de ideias sobre estruturas sociais e um lembrete de que sociedades nascem e morrem, e apenas os sonhadores e visionários importam. O filme não apenas relembra uma tentativa real de golpe romano em 63 a.c., mas também apresenta Cesar citando Hamlet extensivamente. SPOILER/SPOILER/SPOILER O final do filme oferece esperança, com Cesar finalmente abrindo Megalopolis ao público, permitindo que eles desfrutem de uma utopia que evoluirá junto com eles. FIM DO SPOILER/FIM DO SPOILER/ FIM DO SPOILER

            Em resumo, “Megalópolis” é uma obra que desafia a interpretação e, por vezes, pode até desafiar a compreensão. É uma experiência cinematográfica que alguns podem achar frustrante, enquanto outros a verão como uma obra-prima, uma discussão sobre o futuro do cinema e da sociedade, uma discussão que vale a pena ter.

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