(Toda fama cobra seu preço e nem sempre é barato)
MaXXXine (2024), longa-metragem estadunidense de terror, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 11 de julho de 2024, com classificação indicativa 18 anos e 100 minutos de duração.
Trata-se do audacioso fechamento da trilogia do diretor Ti West, que inclui “X: A Marca da Morte (2022)” e, sua sequência, Pearl (2022). Em “X: A Marca da Morte”, um grupo de jovens cineastas se encontra em uma situação de vida ou morte ao tentar filmar um filme adulto em uma fazenda isolada no Texas. Maxine (Mia Goth) emerge como a única sobrevivente, carregando consigo não apenas as cicatrizes físicas, mas também o peso psicológico do trauma. Em “Pearl”, a prequela, somos transportados para 1918, onde a jovem Pearl, também interpretada por Goth, sonha com a fama em meio ao cenário de uma pandemia mundial e as restrições de uma vida rural opressiva. A transformação de Pearl em uma assassina é tanto uma resposta às suas circunstâncias quanto um reflexo distorcido de seus desejos mais profundos.
Já “Maxxxine” retoma a história seis anos após o massacre de “X”, com Maxine ainda perseguindo o estrelato em Hollywood. A trama se desenrola em meio a uma Los Angeles assombrada por um assassino misterioso conhecido como Night Stalker, o que traz uma tensão crescente, enquanto nossa protagonista navega pelas águas traiçoeiras da indústria do entretenimento, onde o perigo espreita não apenas nas sombras, mas também sob os refletores. A direção de West é incisiva, capturando a essência de uma época em que a imagem e a percepção pública moldavam destinos.
A produção, que é mais uma colaboração com a aclamada A24, apresenta uma estética visualmente estimulante, repleta de referências à cultura pop dos anos 1980, desde a fotografia saturada de neon até a trilha sonora, composta por Tyler Bates, recheada de sucessos da época. No entanto, apesar de seu rico estilo visual e sonoro, o filme parece lutar para integrar suas várias tramas de maneira eficaz.
Embora tenha como objetivo ser uma ode e sátira ao showbusiness americano dos anos 80, parece haver uma desconexão entre as várias alusões e a narrativa central, resultando em um ritmo fragmentado que compromete a profundidade dos núcleos narrativos.
Os temas de satirização do medo conservador da sociedade dos anos 80 em relação à nudez e violência explícita estão presentes, mas são abordados de maneira superficial, muitas vezes relegados a piadas e referências cinematográficas que não aprofundam o debate.
A performance de Mia Goth (neta da atriz brasileira Maria Gladys) é o ponto alto do filme, transmitindo uma gama de emoções que vão desde a determinação inabalável até o medo paralisante. Os personagens secundários (diga-se de passagem, de luxo) são igualmente complexos, cada um refletindo diferentes facetas da indústria cinematográfica e da sociedade da época. O elenco estelar inclui Elizabeth Debicki no papel de Elizabeth Bender, Michelle Monaghan como a Detetive Williams, Kevin Bacon interpretando Jon Labat, e a cantora Halsey no papel de Tabby. Completam o elenco Giancarlo Esposito como Teddy Night, Bobby Cannavale como o Detetive Torres, Moses Sumney no papel de Leon, e Lily Collins como Molly Bennett.
Em suma, “Maxxxine” não apenas conclui a saga, mas também serve como um comentário sobre a indústria do entretenimento e o preço da fama. Apesar de tropeçar em sua própria coesão narrativa, trazendo uma coleção desconjuntada de boas ideias que falham em se unir, é um bom filme, principalmente se fosse produzido sem ligação com a trilogia, mas por ser um fechamento, fica mais vulnerável a críticas negativas devido as comparações com seus antecessores.
Repostado em https://www.parsageeks.com.br/2024/07/critica-cinema-maxxxine.html
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