Madame Durocher (2023), longa-metragem nacional dramático, distribuído pela Elo Studios, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 07 de novembro de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 114 minutos de duração.
Dirigido por Dida Andrade e Andradina Azevedo, conta a história de Marie Josephine Mathilde Durocher, a primeira mulher a obter o título de parteira no Brasil e a se tornar membro oficial da Academia Nacional de Medicina no século XIX.
A trama segue a jovem Marie Durocher (Jeanne Boudier) que vive com sua mãe solteira, a imigrante francesa Anne (Marie-Josée Croze), no Rio de Janeiro, durante a primeira metade do século XIX. Uma noite, quando uma escrava bate à porta prestes a dar à luz, Marie auxilia o médico Dr. Joaquim (André Ramiro) no parto e descobre sua vocação.
Após o falecimento de sua mãe, Marie se matricula no curso de parteira, aproveitando a alteração na lei que passou a permitir a entrada de mulheres na Faculdade de Medicina. Confrontada com preconceitos dos colegas e até uma tentativa de estupro, opta por vestir-se com roupas masculinas, o que gera ainda mais controvérsia.
A história também aborda a vida de Durocher (interpretada por Sandra Corveloni), após seus 40 anos, em meio a epidemia de cólera no Rio de Janeiro. Apesar de ser reconhecida como uma excelente parteira, ela continua a ouvir críticas dentro da classe médica. Além disso, atende todo tipo de paciente que outros médicos evitam.
Com uma forte protagonista, enfrentando inúmeros obstáculos para alcançar seus objetivos, a história é contada de maneira envolvente A trama é rica em detalhes históricos e sociais, proporcionando uma visão profunda das dificuldades enfrentadas pelas mulheres no século XIX.
Porém, apesar de suas qualidades, o filme também possui momentos irregulares, como o ritmo lento e o desenvolvimento limitado de personagens secundários, além de que aparentemente o roteiro foi elaborado com uma perspectiva contemporânea, demonstrando clara indignação e repúdio aos aspectos sociais da época retratada, o que prejudica o enredo, que se transforma em instrumento para levantar bandeiras que não eram sequer existentes.
Em resumo, “Madame Durocher”, apesar de qualidades evidentes, sendo a principal a de retirar do anonimato, para muitos, essa mulher notável, peca em homenageá-la plenamente, vez que, utiliza temas que na época eram desconhecidos e, portanto, seria impossível a mesma, levantar bandeiras contra elas.
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