Love (por Peter P. Douglas)

            Love (2024), longa-metragem norueguês de comédia dramática, distribuído pela Imovision, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 03 de abril de 2025, com classificação indicativa 14 anos e 119 minutos de duração, dirigido e roteirizado por Dag Johan Haugerud.

            O segundo filme de uma trilogia planejada – antecedido por “Sex” e finalizado por “Dreams” – aborda temas como intimidade, desejo e o equilíbrio entre as aspirações pessoais e normas sociais.

            No filme não há modelos tradicionais de relacionamento, com papéis claramente definidos ou dramas amorosos comuns. O diretor cria um espaço onde cada elemento artístico explora o significado de amar, ser amado e encontrar seu lugar em um mundo onde a estrutura dos relacionamentos é cada vez mais fluída e alternativa.

            A protagonista, Marianne (Andrea Braein Hovig), é uma médica, urologista e mulher heterossexual bem-sucedida. Ela vive em um mundo racional de diagnósticos médicos e estruturas sociais rígidas, como é típico da profissão. De outro lado, tem Tor (Tayo Cittadella Jacobsen), o colega enfermeiro gay, um homem que leva um estilo de vida completamente oposto ao dela. Sua relação com o mundo é caracterizada pela facilidade e liberdade: ele procura encontros via Grindr (um aplicativo de namoro), faz sexo na balsa, socializa com homens e, considera isso, algo extremamente normal, completamente alinhado com suas ideias de vida.

            Um dia, Marianne encontra Tor, por acaso, em uma balsa. A conversa toma um rumo incomum, gerando confronto entre os dois profissionais, que destacam suas visões de mundo opostas. Tor fala sobre sua vida, seus encontros casuais com homens e como ele vê o mundo através das lentes da liberdade sexual. Marianne fica intrigada com seus próprios “limites” sexuais e, ao mesmo tempo, as histórias de Tor sobre sua vida privada a fazem refletir e se interessar em tentar olhar para si mesma de forma diferente.

            O diretor opera magistralmente as visões de vida dos dois personagens: simultaneamente com o enredo de Marianne, desenvolve-se o de Tor, que, apesar de sua leveza exterior, também começa a reconsiderar suas visões sobre a vida e os relacionamentos. Seu encontro com Bjorn (Lars Jacob Holm), um homem que ele conheceu por acaso na balsa a caminho de casa, o desperta para uma nova faceta de interação — uma intimidade emocional que ele havia evitado anteriormente. Isto serve como um contrapeso à experimentação de Marianne com o Tinder (outro aplicativo de namoro), enquanto tenta compreender o que um relacionamento sem compromisso realmente significa para si mesma.

            No entanto, o que torna o enredo do filme especial e ambíguo é que o diretor não recorre a soluções simplistas e evita conclusões inequívocas. Ele não dá respostas claras, nem julga seus personagens. E sim, oferece alimento para o pensamento, enfatizando a ambiguidade e a permissibilidade dessa ambiguidade. Somos convidados a refletir sobre como interagimos com os outros e o quanto nossa compreensão do amor e da intimidade depende do contexto social em que nos encontramos.

            O filme faz uma observação importante: sermos honestos com nós mesmos e com aqueles ao nosso redor é uma tarefa difícil. Mas é ainda mais difícil perceber que nenhuma forma de amor ou sexualidade é certa ou errada. Neste filme, assim como na vida, há espaço para muitas histórias e experiências diferentes, e cada uma é valiosa à sua maneira.

            Em resumo, “Love”, encoraja o público a expandir suas percepções, aprofundando a compreensão de que o amor e a intimidade podem se manifestar de muitas maneiras diferentes e inesperadas.

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