Disco de estreia da cantora e compositora paulistana chega às plataformas de streaming no dia 12 de novembro
A cantora e compositora paulistana Lotzse foi alimentando o seu amor pela música ao longo dos anos, enquanto trabalhava em galerias de arte. Agora, tomada por um desejo imenso de (re)existir no mundo, ela se prepara para unir essas duas paixões ao lançar o disco de estreia, excelentes exceções. O álbum chega às plataformas de streaming no dia 12 de novembro pelo selo Aurita Records, de César Lacerda, também diretor artístico do projeto (ouça aqui).
“Conforme eu entrava em contato com os artistas e suas obras na galeria, algo ia se modificando dentro de mim, mexia comigo de alguma maneira. Aos poucos, fui percebendo que eu também poderia falar o que eu penso de uma forma artística”, afirma Lotze. “Quando me dei conta, já tinha algumas faixas escritas. Preparando o salto, fui pegando referências e entendendo que tudo aquilo que eu estava convivendo todos os dias há tantos anos já estava internalizado dentro de mim de uma forma muito profunda através da música. Num ato de coragem, me lancei”, completa.
O álbum começou a ser produzido em 2020, porém, após algumas mudanças naturais da vida, Lotzse deixou a intuição como guia, entendendo que a data para compartilhar excelentes exceções com o mundo seria definida no momento certo. E este dia chegou. Em maio, fez um show de pré-lançamento do álbum na Galeria Vermelho, como ato simbólico de fechamento de uma história, mas também dando início à outra, mostrando que seguirá lado a lado com as artes plásticas. Na mesma semana, lançou o primeiro single, “arrã” (ouça aqui), inspirado no desejo de resolver um conflito antigo, que acabou se transformando em um projeto audiovisual complementar ao disco que lançará em breve. Em outubro, a artista divulgou a canção “o trajeto é minha obra” (ouça aqui), na busca dee entender que o que importa é o caminho. Escutando as dez faixas, é possível identificar abordagens do amor não romântico e de sororidade. Todas as pautas acabam se conversando, entrelaçando a trajetória da artista até o momento presente.
Assim como no símbolo Ouroboros, no qual uma serpente engole a si mesma na intenção de renascer, a cantora entende a condução das músicas em forma de espiral. “Muitas das canções falam sobre uma procura. Ao longo do álbum, é possível encontrar várias respostas e novas perguntas, trazendo um processo cíclico de constante evolução”, compartilha.
O disco se inicia com “mvxs”, canção dedicada ao seu avô, em quem ela se espelha. “No final da música eu cito uma frase do livro ‘Assim Falou Zaratustra’, de Friedrich Nietzsche, que me lembra muito o meu avô: ‘E as promessas que a vida nos faz, cabe-nos mantê-las à vida’. Ele foi um homem que manteve suas promessas, viveu uma vida maravilhosa”, conta. Os trechos falados, aliás, são recorrentes ao longo do disco. “Muitos dos textos que escrevi durante o período de produção do álbum acabaram não entrando nas letras, mas senti que ainda valiam serem ditos. Por isso, resolvi incluir falas em algumas das faixas”, explica.
“filhas, mães e avó” aborda relações parentais, a infância e os jantares em família. Aqui, ela trabalha o lúdico, atravessando toda sensação que sente ao entender a profundidade das relações femininas em sua família. “brilha mais” vem em seguida. Usando o antigo relacionamento de uma amiga como mote, Lotzse usa uma melodia leve do reggae para mostrar a importância da autoestima, do empoderamento feminino e do acolhimento da amizade frente a relações que não nos cabem mais.
Na esperança de reencontrar o seu “eu” do passado, a cantora voltou para a Chapada Diamantina, lugar no qual sentiu uma forte conexão da primeira vez que esteve. A sensação foi outra nesta segunda visita, porque ela era outra. Entendendo este sentimento, Lotzse escreveu “garota, mulher, outras”, com base no título do livro de Bernardine Evaristo.
O nome da sétima canção, “marémobilia”, foi inspirado na obra do Nuno Ramos, artista plástico de quem Lotzse é fã. “É uma videoarte/instalação sublime, em que alguns móveis na beira do mar vão se afundando na areia conforme o impacto das ondas. Na música eu falo de uma relação que está acabando. Estou tentando me lembrar de coisas de um passado muito distante daquela relação, tentando me apegar a algo que já não estava mais ali, como se o mar já tivesse levado embora”, comenta.
Em seguida, “revérbero” é responsável por carregar a frase com o título do álbum, representando todo manifesto existente no compilado das canções. “19barra20” foi escrita logo após o período de pandemia, como um convite para deixar os problemas de lado e retomar amizades que se estremeceram na fase de isolamento social. A última música é a única não-autoral. Trata-se de “maria, maria”, versão de Lotzse para o clássico de 1978 composto por Milton Nascimento e Fernando Brant. Já que o álbum foi concebido sobre histórias de mulheres, a artista fez questão de finalizar o trabalho com a canção que retrata a luta, a resiliência e a força da mulher brasileira. “Estou muito animada para começar a trilhar esse caminho, que eu sei que é só o começo. Agora é só ‘tirar o Band Aid’, fechar o olho, tampar o nariz e vamos lá”, brinca.