Lola (por Casal Doug Kelly)

(Mudar o futuro pode ser mais perigoso do que viver o presente)

            Máquina do Tempo (Lola, 2022), longa-metragem de ficção científica, coprodução Irlanda e Reino Unido, filmado em preto e branco, com 79 minutos de duração, explora a temática das viagens no tempo.

            Dirigido por Andrew Legge, o filme nos transporta para a Inglaterra de 1940, onde acompanhamos Thom e Mars, duas irmãs que construíram uma máquina capaz de interceptar transmissões de rádio e TV do futuro. A narrativa se desenrola em uma trama que é tanto um estudo de personagem quanto uma reflexão sobre as implicações de conhecer o futuro.

            O roteiro, co-escrito pelo diretor e por Angeli Macfarlane, é inteligente e bem estruturado, oferecendo diálogos e momentos de intensidade emocional, onde é possível perceber que até mesmo quando se faz o bem, o resultado pode ser desastroso. As atuações de Emma Appleton e Stefanie Martini são muito boas, trazendo claras diferenças de personalidade às irmãs Hanbury, cuja obsessão pelo futuro é retratada com complexidade.

            O design de produção e os figurinos recriam a era em ricos detalhes. Andrew Legge, que também atua como diretor de fotografia, utiliza luz e sombra de maneira eficaz para realçar o clima de mistério e descoberta que envolve a máquina LOLA (nome dado em homenagem a mãe das protagonistas).

            A trilha sonora complementa a narrativa, com composições que intensificam as emoções das cenas sem se sobressair demais. O uso de “found footage” ou “material encontrado” adiciona realismo e imersão, fazendo com que o público se sinta parte da descoberta junto com as protagonistas.

            No entanto, o filme está longe de não possuir críticas. A priori, a edição do filme realiza cortes que parecem precisos para construir um ritmo dinâmico em suas sequências de “ação”. Porém, nota-se que o longa, funcionaria melhor se optasse por ser um média ou curta-metragem, para assim manter a dinâmica sempre acesa. Como longa-metragem, alguns espectadores podem encontrar dificuldades com o ritmo, que fica extremamente lento, em momentos introspectivos, especialmente na construção do mundo e no desenvolvimento dos personagens. Além disso, a complexidade da trama pode ser um desafio para aqueles não familiarizados com o gênero de ficção científica, exigindo atenção aos detalhes e uma disposição para acompanhar as reviravoltas da história.

            Em suma, “Máquina do Tempo” é um filme que merece atenção por sua abordagem e execução competente. Apesar de existirem alguns aspectos negativos ligados a seu ritmo e compreensão da história, o longa oferece uma experiência que é ao mesmo tempo pensativa e visualmente estimulante, com boas performances e sem sombra de dúvidas, uma direção que demonstra compreensão clara do material que tem em mãos.

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