“Kasa Branca”, de Luciano Vidigal, leva 4 prêmios no Festival do Rio.

Primeiro longa solo do ator e diretor Luciano Vidigal é consagrado no evento e leva quatro prêmios, incluindo o de Melhor Direção de Ficção

O Festival do Rio 2024 anunciou na noite deste domingo (13) os vencedores do Troféu Redentor da Première Brasil, ao qual concorreram 51 filmes na competição principal e na Novos Rumos, e 35 produções ao Prêmio Felix. A cerimônia de premiação aconteceu no Cine Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro e foi apresentada por Fabíola Nascimento e Juan Paiva.

KASA BRANCA, longa-metragem com roteiro e direção de Luciano Vidigal, foi consagrado no evento e levou 4 prêmios na competição principal de Longas de Ficção: Melhor Direção de Ficção para Luciano Vidigal; Melhor Trilha Sonora para Fernando Aranha e Guga Bruno; Melhor Fotografia, para Arthur Sherman e Melhor Ator Coadjuvante para Diego Francisco.

O filme é protagonizado pelo comediante, videomaker e ator Big Jaum, que faz sua estreia em longa-metragens e Teca Pereira (“Marighella”, “Todos os Mortos”). Inspirado em fatos, o longa acompanha o jovem Dé (Big Jaum), morador da periferia de Chatuba, que passa a viver com a avó Dona Almerinda (Pereira) depois que ela é diagnosticada com Alzheimer e descobre que tem pouco tempo de vida. Ao lado de seus dois amigos inseparáveis, Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco), ele tenta aproveitar a convivência com a avó da melhor forma.

Foto: divulgação

Vidigal, que também assina o roteiro, explica que este filme é a realização de um sonho, porque sempre quis contar essa história tão comovente. Mas, além disso, o cineasta sublinha a importância de KASA BRANCA ser um filme sobre e feito por pessoas negras da periferia.

É um filme que tem um protagonismo negro no lugar do objeto, que são os atores, no lugar do sujeito, eu como diretor. Então, você tem a figura preta ali como protagonista no elenco e também na criação. E a gente que faz cinema independente, cinema preto, busca essa relação horizontal com o audiovisual brasileiro. E sempre no objetivo de somar, de trazer essa diversidade potente e cultural que tem o nosso país”, explica.

O elenco ainda inclui Gi Fernandes (no ar com a novela “Mania de Você” e da série “Os Outros”), que faz sua estreia em longas, além de Babu Santana, Roberta Rodrigues, Otavio Muller e Guti Fraga. Fora isso, o filme marca a estreia do rapper L7nnon e do Dj Zullu.

Trabalhando com sua equipe artística, Vidigal conta que pensaram numa forma subversiva de retratar a favela no cinema. Ao invés da costumeira câmera na mão, eles optaram por imagens mais contemplativas. “A favela tem muitas reflexões, e o movimento da câmera ajuda: o movimento é muito mais leve e, ao mesmo tempo, umas cores muito vivas. É um filme jovem, e o jovem favelado tem muita cor. Então a gente explorou muito isso também.

O lado mais humano de KASA BRANCA, com seu drama e seus elementos cômicos, é o que traz força ao filme e, portanto, o que criará laços com seu público. “Trabalhamos muito a humanidade e muito a poesia, que é o que o povo merece. Nelson Rodrigues dizia que o público é um estranho. Essa frase significa não esperar o sucesso, mas fazer um bom trabalho e deixar fluir o sucesso. Torço para que o filme tenha uma boa carreira, e acredito que vai ter uma identificação verdadeira. É um filme feito do povo e para o povo. Afinal, é o filho da empregada doméstica que tá fazendo cinema.”

O filme é produzido pela Sobretudo Produção, TvZero, Tacacá Filmes, Cavideo e Dualto, em coprodução com Riofilme, Canal Brasil, Telecine e Globo Filmes. A distribuição é da Vitrine Filmes.

As próximas exibições do longa acontecem na 48° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no 17° Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, no Rio de Janeiro.

Assista ao trailer

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