“Iracema – Uma Transa Amazônica” será exibida na Berlinale 2025

Após celebrar 50 anos em 2024, clássico integra a programação da Berlinale, que acontece de 13 a 23 de fevereiro

IRACEMA – UMA TRANSA AMAZÔNICA

A obra semidocumental IRACEMA – UMA TRANSA AMAZÔNICA, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna,  distribuída no Brasil pela Gullane+, será exibida na Berlinale 2025 (Festival Internacional de Cinema de Berlim) em sua versão restaurada. Restaurado na Alemanha, o processo contou com a coordenação técnica de Alice de Andrade e com o apoio do CTAV, Mnemosine, IMS, PUC Rio, Instituto Guimarães Rosa e da Cinemateca Brasileira. 

A Berlinale 2025 acontecerá de 13 a 23 de fevereiro e o filme integrará a seção Forum Special, que, sob a curadoria de Barbara Wurm, apresenta filmes históricos e contemporâneos organizados em torno de temas que dialogam entre si. Neste ano, sob a temática “Open Wounds, Open Words”, a seleção busca explorar temas como os desafios do crescimento, o despertar da juventude e a construção de uma identidade em contextos marcados por normas culturais, desigualdades sociais e injustiças políticas. 

A programação da Berlinale também inclui filmes brasileiros como “Ato Noturno”, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, e “A Natureza das Coisas Invisíveis”, de Rafaela Camelo. A direção artística da Berlinale é liderada por Tricia Tuttle, com o cineasta Todd Haynes presidindo o júri internacional.

Lançado originalmente em 1974, IRACEMA – UMA TRANSA AMAZÔNICA é um drama documental que combina realidade e ficção para narrar os impactos sociais e ambientais da construção da Rodovia Transamazônica. A história acompanha Iracema (Edna de Cássia), uma jovem de 15 anos que, ao chegar a Belém para o Círio de Nazaré, é tragada para a prostituição e passa a viajar com o caminhoneiro Tião Brasil Grande. Enquanto ele encarna a crença no progresso prometido pela ditadura militar, ela representa os marginalizados dessa época, em uma trama que denuncia as consequências da exploração na Amazônia. 

Proibido no Brasil até 1981, o filme entrou para a lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). IRACEMA  – UMA TRANSA AMAZÔNICA completou 50 anos em 2024 e teve uma exibição comemorativa no Festival do Rio.

Além de sua relevância histórica, o filme coleciona prêmios importantes: Festival de Brasília 1980 (Melhor Filme, Melhor Atriz para Edna de Cássia, Melhor Atriz Coadjuvante para Conceição Senna e Melhor Edição para Eva Grundman e Jorge Bodanzky); Associação de Críticos Cinematográficos de Minas Gerais 1978 (Melhor Filme do Ano em uma mostra de filmes proibidos); e conquistas internacionais como o Prix George Sadoul (Paris), Adolf Grimme Preis (Alemanha), Encomio Taormina (Itália) e o Prêmio Especial no Festival de Cannes pelo Reencontre Film et Jeunesse.

Agora com a distribuição da Gullane+, o longa segue um circuito de exibições no Brasil para resgatar a memória de um filme e sua contemporaneidade tão importante para a nossa cinematografia.

Sinopse
Um caminhoneiro que trafega pela Transamazônica, a grande rodovia do Brasil que atravessa a floresta amazônica, conhece uma prostituta e aos poucos percebe os problemas daquela região.
Ficha técnica
Iracema – Uma Transa Amazônica
1974 – Brasil, Alemanha Ocidental, França – 91 minutos
Direção: Jorge Bodanzky, Orlando Senna
Roteiro: Jorge Bodanzky, Hermanno Penna, Orlando Senna
Produção: Orlando Senna, Malu Alencar, Wolf Gauer, Achim Tappen
Direção de Fotografia: Jorge Bodanzky
Edição: Jorge Bodanzky, Eva Grundman
Trilha Sonora: Jorge Bodanzky, Achim Tappen
Direção de Arte: Orlando Senna
Elenco: Paulo César Peréio, Edna de Cássia, Lúcio Dos Santos, Elma Martins, Natal, Fernando Neves, Wilmar Nunes, Sidney Piñon, Rose Rodrigues, Conceição Senna
Companhias de Produção: Stop Film, Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF)
Restauração: Coordenação técnica de Alice de Andrade e apoio do CTAV, Mnemosine, IMS, PUC Rio, Instituto Guimarães Rosa e Cinemateca Brasileira.
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