(Ser uma adaptação fiel, nem sempre é sinônimo de boa coisa)
Hellboy e o Homem Torto (Hellboy: The Crooked Man, 2023), longa-metragem estadunidense de terror, distribuído pela Imagem Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 05 de setembro de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 100 minutos de duração.
Emerge como uma tentativa intrigante de revitalizar a franquia, trazendo Hellboy de volta às suas raízes sombrias e folclóricas. O filme, dirigido por Brian Taylor, faz uma aposta arriscada ao se afastar do estilo grandioso e colorido das adaptações anteriores, optando por uma abordagem mais contida e atmosférica. A narrativa se desenrola em 1959, um período que oferece um pano de fundo rico para a história, mas que também exige do espectador uma suspensão da descrença para mergulhar em um mundo onde o sobrenatural é tratado com uma naturalidade desconcertante.
A escolha de Jack Kesy para interpretar Hellboy, traz uma nova dimensão ao personagem que se distancia da interpretação icônica de Ron Perlman. Kesy oferece um Hellboy mais introspectivo, cuja luta interna se iguala aos monstros que enfrenta. Adeline Rudolph, como a agente novata Bobbie Jo Song, entrega uma performance competente, embora seu personagem pareça subutilizado em meio à trama densa e por vezes confusa.
O roteiro, co-escrito por Mike Mignola, criador de Hellboy, junto com Taylor e Christopher Golden, é fiel ao material de origem, especialmente na adaptação da minissérie “The Crooked Man”. No entanto, essa fidelidade é uma faca de dois gumes: enquanto os fãs dos quadrinhos podem apreciar as referências e o respeito pela obra original, aqueles não familiarizados com o universo de Hellboy podem se sentir perdidos ou desinteressados pela falta de contexto e explicação.
Visualmente, o filme é uma mistura de efeitos práticos e CGI que, em sua maior parte, funciona bem para criar um ambiente de horror gótico. A maquiagem e o design de produção merecem elogios por sua capacidade de evocar o charme dos clássicos do terror, embora em alguns momentos, a dependência do CGI prejudique a imersão.
A narrativa é fragmentada, dividida em três atos que parecem recortes de uma história em quadrinhos. Essa estrutura, embora criativa, resulta em um ritmo irregular, com alguns atos se destacando mais do que outros. O primeiro ato estabelece um tom promissor, mas o filme perde força à medida que avança, culminando em um clímax que parece apressado e confuso.
O maior desafio do filme é equilibrar o horror e a ação sem perder o foco em seu protagonista. Em alguns momentos, “Hellboy e o Homem Torto” consegue esse equilíbrio, mas em outros, o filme se inclina demais para um lado, deixando o outro aspecto negligenciado. O resultado é uma experiência cinematográfica que oscila entre o envolvente e o tedioso.
Em resumo, “Hellboy e o Homem Torto” é um filme que tenta honrar seu material de origem enquanto busca uma nova direção para a franquia. Embora tenha momentos de brilho, principalmente em sua atmosfera e abordagem do horror, o filme luta para manter uma narrativa coesa e envolvente. É uma adição divisiva à saga de Hellboy, que provavelmente será mais apreciada pelos fãs de longa data do que por novos espectadores.
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