Guerra Sem Regras (por Peter P. Douglas)

(Em uma guerra vale tudo, ainda que muitos pensem o contrário)

            Guerra Sem Regras (The Ministry of Ungentlemanly Warfare, 2024), longa-metragem do gênero de guerra, coproduzido entre Estados Unidos e Grã-Bretanha, com classificação indicativa 16 anos e 121 minutos de duração.

            Trazendo a assinatura estilística do diretor Guy Ritchie, o filme, que se inspira em eventos históricos para criar sua narrativa ficcional, apresenta uma visão satírica e violentamente cômica da Segunda Guerra Mundial, onde um grupo de soldados desajustados é reunido por Winston Churchill, interpretado por Rory Kinnear, para executar missões de sabotagem contra o regime nazista. Henry Cavill, no papel do líder Gus March-Phillipps, oferece uma performance que equilibra carisma e uma certa limitação dramática, adequada ao tom geral do filme que prioriza o entretenimento em detrimento de um aprofundamento substancial dos personagens ou da trama.

            A narrativa se desenrola com um ritmo que é característico de Ritchie, entrelaçando ação e humor, apesar de, em alguns momentos, a trama parecer estagnar sob o peso de sua própria estrutura. O elenco de apoio, incluindo Alan Ritchson, Alex Pettyfer, Eiza González, Babs Olusanmokun e Henry Golding, entrega atuações que flertam com o caricato, reforçando a atmosfera pastelão que permeia o filme. As dinâmicas entre os personagens, embora divertidas, não ultrapassam a superficialidade, resultando em um vínculo com o público que é, no máximo, momentaneamente cativante.

            O sarcasmo britânico, uma marca registrada do diretor, brilha através de diálogos espertos e situações que beiram o absurdo, com Cavill frequentemente no centro desses momentos. No entanto, a estrutura narrativa do filme sofre com uma certa previsibilidade e uma falta de tensão que se torna mais evidente durante as sequências de infiltração, onde o plano dos protagonistas se revela cada vez mais inverossímil e menos envolvente. A ausência de um antagonista verdadeiramente ameaçador é sentida, com Til Schweiger tentando, mas não conseguindo, elevar o nível da ameaça representada pelos nazistas dentro da história.

            Em suma, “Guerra Sem Regras” é um filme que, apesar de suas falhas narrativas e de caracterização, consegue entreter. É uma adição interessante ao portfólio de Ritchie, que, mesmo não alcançando as alturas de seus trabalhos anteriores, demonstra uma habilidade contínua em criar filmes que são visualmente atraentes e energeticamente executados. Para os fãs do gênero e do diretor, é uma jornada que vale a pena.

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