Éramos Crianças (Eravamo Bambini, 2023), longa-metragem dramático italiano, com classificação indicativa 16 anos e 100 minutos de duração, mergulha profundamente nos temas da memória, trauma e amizade.
A narrativa segue Francesco, um homem de trinta anos cuja vida pacífica é abalada quando ele se vê envolvido em um episódio violento. Durante um interrogatório, ele revela ter presenciado, junto com seus amigos de infância, um evento traumático que deixou marcas profundas em suas vidas. Ambientado em uma pequena cidade na costa da Calábria, o filme desenrola-se como um quebra-cabeça emocional e temporal, alternando entre o passado e o presente dos personagens.
À medida que a história avança, descobrimos que um dos amigos enviou uma mensagem expressando o desejo de vingança, o que leva o grupo a se reunir para impedir que ele cometa um ato imprudente. No entanto, esse reencontro os força a confrontar o horror que os fez fugir vinte anos atrás, revelando uma trama entrelaçada de vingança, segredos e a necessidade dolorosa de enfrentar um passado nunca completamente superado.
Dirigido por Marco Martani, o elenco do filme inclui Lorenzo Richelmy, Alessio Lapice, Lucrezia Guidone, entre outros, e é baseado livremente na peça teatral “Zero” de Massimiliano Bruno, que também colaborou no roteiro.
É importante frisar que, a tentativa de abordar múltiplas linhas do tempo e perspectivas pode, às vezes, parecer fragmentada, dificultando a imersão do público na jornada emocional dos personagens. Além disso, a complexidade dos temas abordados exige uma atenção constante, o que pode ser um desafio para aqueles que buscam uma experiência mais leve e direta. A edição, embora geralmente eficaz em entrelaçar as várias histórias, ocasionalmente cede à tentação de sobrepor-se à narrativa, resultando em momentos que parecem desconexos. Há momentos em que o diálogo soa forçado, talvez devido ao desafio de adaptar um monólogo teatral para o cinema.
Em resumo, “Éramos Crianças” apesar de seus defeitos, é um filme que não tem medo de confrontar o público com as realidades mais sombrias da vida, ao mesmo tempo que oferece um vislumbre de esperança e redenção.
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