(Mais uma produção nacional que aborda a ditadura)
Entrelinhas (2023), longa-metragem nacional dramático, distribuído pela Elo Studios, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 22 de agosto de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 93 minutos de duração.
A mais recente incursão do cineasta Guto Pasko no cinema nacional é uma obra que busca retratar a brutalidade da Ditadura Militar no Brasil. No entanto, apesar das intenções louváveis de revisitar um período tão sombrio da história brasileira, o filme peca, e não é pouco, em sua execução.
A escolha de uma atriz beirando os 30 anos para interpretar uma jovem de 18 anos é uma falha a ser apontada, comprometendo a credibilidade da narrativa. A performance de Gabriela Freire, embora dedicada, não consegue dissipar a discrepância de idade, o que pode ser visto como uma escolha de elenco questionável.
Além disso, a produção possui uma estética limpa demais, com cenários e figurinos que parecem novos e intocados, contrastando com a realidade áspera da época retratada, onde até o horror é apresentado de maneira elegante e palatável, a fim de diluir a intensidade do que deveria ser uma experiência direta e visceral.
A dramatização excessivamente comportada, evitando a crueza das torturas e perseguições, é uma oportunidade perdida de impactar o público de maneira mais profunda. Narrativamente, é um desastre, possuindo diálogos ruins e situações pouco conexas que resultam em uma dramaturgia pobre.
Em suma, “Entrelinhas” parece ser uma obra que, apesar de suas pretensões, não consegue alcançar o sucesso esperado. A falta de autenticidade na representação dos personagens e dos cenários, juntamente com uma narrativa fraca, são aspectos que diminuem seu potencial, tornando-o pouco significativo historicamente.
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