“Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos”, longa-metragem documental, produzido pela Videoforum Filmes, coproduzido pela Spcine e Canal Brasil, distribuído pela Descoloniza Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas, a partir de 25 de abril de 2024, mas sua produção foi realizada no ano de 2019.
A premiere mundial aconteceu durante a 24º edição do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, e traz uma entrevista inédita, gravada em 1998, que conduz o filme pelas memórias e confidências de Dorival Caymmi (1914-2008). Os filhos, Nana, Dori e Danilo, e amigos como Gilberto Gil, Caetano Veloso entre outros, compartilham histórias e interpretam clássicos do cantor e compositor que revolucionou a canção no Brasil e influenciou uma geração de músicos.
O documentário é uma homenagem que percorre alguns momentos significativos de sua vida, oferecendo um olhar mais suave sobre sua trajetória e personalidade. No entanto, verifica-se que tende, em muito, a glorificar seu sujeito, Dorival Caymmi, em vez de apresentar uma visão mais humana no sentido de falho em vários aspectos. Claramente a obra encobriu o homem, pois nenhum traço de sua vida pessoal enlameou o brilho de suas conquistas.
Apesar de este ser o terceiro documentário feito sobre o compositor, a abordagem é deveras diferente de seus antecessores, principalmente por mostrar seu lado um pouco mais sensível, ao que se atribui o subtítulo “Um homem de afetos”.
Durante os quase 90 minutos de duração, muitas curiosidades sobre Caymmi são reveladas, como suas aventuras extraconjugais que lhe concederam a fama de mulherengo, os problemas com bebida, a briga e o afastamento que teve com a filha Nana, a composição de “o que é que a baiana tem” reconhecida mundialmente na voz de Carmen Miranda, e principalmente o sucesso que fez na União Soviética, em 1957, com a música canção da partida, que inclusive possui uma versão traduzida em russo.
A direção ficou por conta de Daniela Broitman, que, além de diretora é cineasta e tem em seu currículo outro documentário, este de 2011, também sobre um músico compositor, chamado “Marcelo Yuka no Caminho das Setas”, onde mostra um pouco da trajetória do baterista do O Rappa, pré e pós o assalto violento que o deixou em uma cadeira de rodas.
No geral, é um documentário que vale a pena ser assistido, proporcionando a oportunidade de conhecermos um pouco mais do legado de Dorival Caymmi, suas músicas, suas inspirações, sua vida íntima, suas religiões e, ainda, nos mostra a Bahia como um personagem a ser admirado.
Publicado originalmente em https://www.pegaessanovidade.com.br/pega-essa-dica-dorival-caymmi-um-homem-de-afetos/
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