Documentário “Intervenção” estreia na Mostra de SP

Dirigido por Gustavo Ribeiro, filme brasileiro conta com a participação de moradores das Comunidades do Nove, da Linha e do Cingapura Madeirite – Vila Leopoldina SP

Imagem do longa INTERVENÇÃO (foto: divulgação)

Filmado ao longo de quatro anos em São Paulo, o documentário INTERVENÇÃO aborda o dia-a-dia dos moradores de uma comunidade, formada por duas favelas e um conjunto habitacional na zona oeste de São Paulo, uma região que luta para ser urbanizada, embora as disputas com moradores vizinhos de uma área mais valorizada seja um empecilho.

O longa, dirigido e roteirizado por Gustavo Ribeiro, terá sua primeira sessão no Brasil na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo no sábado (19), às 21h40, no Espaço Augusta 2. O documentário será exibido, novamente, na segunda (21), às 17h20, no Reserva Cultural 1; e no dia 29 (terça), às 19h30, no Cineclube Cortina.

Produzido pela Primo Filmes e pelo Instituto Galo da Manhã, o longa nasce de uma ideia de Elisa e de Beatriz Bracher, e é produzido por Matias Mariani. Ribeiro conta que Elisa já tem uma relação de duas décadas com a comunidade onde o filme foi rodado, por conta do Acaia, que é uma escola que atende as crianças carentes da região desde 1997.

Ela, então, me apresentou para algumas pessoas chaves na comunidade, e aos poucos eu fui conquistando a confiança deles. Havia um desejo dos moradores de mostrar o processo do PIU, o Planos de Intervenção Urbana, e a situação das suas moradias, tanto das favelas como do Cingapura. Muitos moradores fizeram questão de abrir as casas para nós. E como foi uma filmagem longa, e muitas vezes passávamos semanas seguidas filmando, a equipe foi se familiarizando”, conta o diretor.

A pesquisa local foi feita por Barbara Heckler, que também foi assistente de direção do filme. Ela mapeou a comunidade e foi entrevistando os moradores. O longa apresenta não apenas entrevistas com moradores da comunidade, mas também reuniões dentro da própria comunidade e assembleias públicas sobre o processo de urbanização, apontando a tensão entre a favela e a região mais valorizada ao seu redor, que se mostra contra essa possibilidade.

A ideia inicial era ouvir mais moradores dos prédios, de fora da comunidade, que são contra o PIU. Porém, houve uma resistência muito grande por parte deles.  A única pessoa que topou foi a moça que está no documentário, Adriana Fonseca , que é a favor do PIU e quis dar seu depoimento.  Então em um dado momento eu desisti de entrevistar esse pessoal que são de fora da comunidade e mergulhar de cabeça nos moradores da comunidade, inclusive porque alguns deles também são contra o PIU.”

Montado durante 9 meses, por Marina Meliande, e depois com o Hélio Villela Nunes, o longa foi finalizado  enquanto o andamento do PIU se desdobrava. Para que INTERVENÇÃO fosse o mais completo possível, filmagens ainda eram feitas enquanto o longa era montado. Além disso, destaca-se também o trabalho do fotógrafo Thomas Dupre, que enfrentou todo o tipo de situação e filmou em condições muito variadas de luz, praticamente sem nenhuma iluminação extra.

Ribeiro aponta, aliás, momentos muito representantes da realidade da comunidade que aconteceram enquanto o filme esta sendo rodado. “O primeiro foi a enchente, em que a favela ficou toda alagada. As pessoas perderam tudo, móveis, roupas, eletrodomésticos, comida, documentos etc. Ali a precariedade das moradias e o descaso do poder público e da sociedade foram escancaradas, porque não era a primeira vez que a comunidade era alagada. E o outro momento foi a pandemia, porque em geral as casas na comunidade são muito pequenas, com muitos moradores, e a rua é uma extensão das casas. Na favela o delivery não chega, não havia a possibilidade de isolamento nem quarentena.”

INTERVENÇÃO é uma produção da Primo Filmes.


Sinopse:
Filmado ao longo de quatro anos, INTERVENÇÃO acompanha o cotidiano dos moradores de uma comunidade, formada por duas favelas e um conjunto habitacional na zona oeste de São Paulo, que luta para ser urbanizada. Porém, essa urbanização gera resistência dos moradores da área mais valorizada do bairro, num movimento conhecido como “Not In My Backyard”.

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