Documentário inédito sobre Heloisa Buarque de Hollanda estreia no Canal Brasil na data em que a escritora completa 85 anos

“Helô” mostra a trajetória pessoal e profissional da imortal da Academia Brasileira de Letras Helô Teixeira, precursora do feminismo no país. Filme vai ao ar no dia de seu aniversário, 26 de julho, às 20h

O diretor Lula Buarque de Hollanda e sua mãe, Heloisa Teixeira. Fotos e vídeo: Divulgação

Canal Brasil exibe o documentário inédito “Helô” na sexta-feira, dia 26 de julho, às 20h. Pelas lentes do seu primeiro filho, Lula Buarque de Hollanda, o filme conta a história de vida da escritora, professora, pesquisadora e crítica literária paulista Heloisa Buarque de Hollanda, hoje conhecida como Helô Teixeira. A obra exibe momentos familiares e íntimos que foram captados ao longos dos últimos sete anos da vida de Helô, eleita uma das cinco mulheres imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL) e precursora do pensamento feminista no país. O longa estreia na data em que a escritora completa 85 anos. O roteiro é assinado por Bianca Oliveira, Jordana Berg, Julia Anquier e Isabel De Luca, que também é responsável pelo argumento. 

O longa-metragem, que integrou a mostra competitiva de documentários da Première Brasil do Festival do Rio, em 2023, e participou da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, transita pelas relações afetuosas de Heloisa com seus filhos, netos, outros familiares e amigos, em paralelo à participação de Helô nas reuniões de roteiro do próprio filme. “Se eu fosse fazer um filme sobre mim, faria sobre os outros que eu escuto, como netos, amigos, ‘quebradeiros’ [estudantes do Laboratório de Tecnologias Sociais Universidade das Quebradas, na UFRJ, da qual é coordenadora]. Faria do meu contexto e não o que eles pensam sobre mim”, comenta.

Considerada uma voz ativa em relação ao pensamento feminino no Brasil e às questões culturais e comportamentais, Heloisa Teixeira, sobrenome recentemente adotado em homenagem à mãe, vivenciou o contexto da ditadura militar no Brasil (1964-1985). Durante seus estudos no pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Columbia, em Nova York, nos anos 1960, teve contato com os movimentos de contracultura norte-americanos, como o feminista e os Panteras Negras. Essas experiências a levaram ao desenvolvimento de um pensamento e um olhar mais atento sobre os direitos humanos e culturas emergentes, como visto no livro “26 poetas hoje”, uma antologia de poesia brasileira marginal da década de 1970. 

“No regime militar, eu me lembro que era o testemunho de uma geração de sufoco que não tinha informação e que não podia se expressar. A expressão era na poesia, que não era política, mas apavorada, mostrava o medo de ser preso e de ser dedurado. Essa antologia foi um fracasso inicial, até que virou livro obrigatório de vestibular”, revela Helô.

Fotos: Divulgação

Aos 84 anos, Heloisa Teixeira coleciona uma série de obras de literatura sobre a cultura da vanguarda, teatral e feminista nacional, como os livros “Macunaíma, da literatura ao cinema”, “Impressões de viagem: CPC, vanguarda e desbunde: 1960/70”, “Asdrúbal trouxe o trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70” e “Explosão Feminista”. Ela também atuou no cinema, sendo diretora de filmes como “Xarabovalha”, “Dr. Alceu”, “Joaquim Cardozo” e montadora de “Estratégia do Abrigo”, produções sobre grandes nomes da poesia e arquitetura brasileira, outra área de grande interesse de Heloisa. “.

Heloisa Teixeira ocupa a trigésima cadeira da Academia Brasileira de Letras. Foto: Divulgação.

O documentário tem participação do jornalista Zuenir Ventura, que dialoga junto a Helô o temor do ano de 1968 no Brasil, e Regina Casé, que relembra o filme “Xarabovalha”, dirigido por Heloisa Teixeira, em 1978, único registro audiovisual da peça “Trate-me Leão”. A produção é da Conspiração, Espiral, RioFilme e Hysteria em coprodução com RioFilme.


Helô (2024) (88′)

INÉDITO

Horário: Sexta, dia 26/07, às 20h

Direção: Lula Buarque de Hollanda

Classificação: 14 anos

Sinopse: Considerada uma das principais intelectuais brasileiras contemporâneas, Heloisa Buarque de Hollanda, que acaba de se rebatizar como Helô Teixeira, tem papel catalisador na cultura nacional desde a década de 1960 e aos 84 anos continua sendo ao mesmo tempo uma referência e uma voz ativa. Com imagens captadas ao longo dos últimos sete anos, o documentário joga luz sobre a trajetória desse ícone que sempre esteve na vanguarda, servindo de antena e farol para movimentos culturais e sociais que estão por vir, enquanto mergulha na intimidade de Heloisa pela lente de seu filho mais velho, o diretor Lula Buarque de Hollanda. 


Compartilhe