Criaturas do Senhor (God’s Creatures, 2022), longa-metragem dramático, coproduzido por Estados Unidos, Grã-Bretanha e Irlanda, com classificação indicativa 14 anos e 115 minutos de duração, se destaca por sua narrativa dramática, centrada em questões familiares e morais, em vez de adotar plenamente o gênero de suspense ou thriller.
A trama é conduzida pela luta de uma mãe, Eileen, interpretada por Emily Watson, que se vê em um dilema moral ao tentar proteger seu filho, Brian, vivido por Paul Mescal, acusado de um crime grave. O filme mergulha em um estudo psicológico das relações entre mãe e filho e o impacto desse evento traumático em suas vidas, oferecendo uma reflexão sombria e cuidadosa sobre a complexidade dos laços familiares e o peso das escolhas morais.
A direção opta por uma abordagem que distancia emocionalmente o público dos personagens, o que pode resultar em uma experiência mais fria e introspectiva. Essa escolha estilística é arriscada, pois essa distância pode prejudicar a conexão emocional com a narrativa. No entanto, a atmosfera densa e a cinematografia cuidadosa contribuem para a construção de um ambiente que reflete as tensões internas dos personagens.
O filme aborda temas como dinâmicas familiares, culpa, proteção e julgamento de maneira íntima, mas sem entregar ação ou suspense intensos, o que pode frustrar aqueles que esperam um thriller convencional com reviravoltas.
Apesar de conter um crime no centro de sua história, o longa-metragem se diferencia por não seguir o formato típico de um thriller, optando por focar mais em questões morais e psicológicas do que no mistério em si. A atuação de Watson como a mãe atormentada por uma dúvida é crível, trazendo profundidade e nuance ao seu papel. Por outro lado, o filme não oferece espaço suficiente para Mescal e Aisling Franciosi, que interpreta Sarah, desenvolverem a complexidade de seus personagens.
No fim das contas, “Criaturas do Senhor” é um bom drama psicológico sobre ética e moral, destacando-se pela forte atuação de Watson e pelo jovem talento de Mescal antes de brilhar no emocionante “Aftersun, 2022”. O filme aposta alto no clima introspectivo e flerta com o sombrio, mas não entrega um resultado capaz de sustentar a narrativa por completo. Ele se perde entre o suspense e o drama e não assume nenhuma das alternativas com afinco. Apesar disso, é uma experiência que vale ser vista.
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