Corisco e Dadá (por Peter P. Douglas)

            Corisco e Dadá (1996), longa-metragem nacional dramático, baseado em fatos reais, distribuído pela Sereia Filmes, reestreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 24 de outubro de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 105 minutos de duração.

            Dirigido por Rosemberg Cariry, é uma obra que se destaca, especialmente por sua narrativa que entrelaça amor e violência no contexto do cangaço. Mergulha na história do cangaceiro Corisco, interpretado por Chico Diaz, e de sua companheira Dadá, vivida por Dira Paes. A trama se desenvolve em torno do sequestro de Dadá por Corisco, que a torna sua esposa e cúmplice nas aventuras e desventuras do cangaço. A direção de Cariry é habilidosa ao equilibrar a brutalidade das ações de Corisco com a poesia da narração, criando um contraste que reflete a complexidade dos personagens e do próprio sertão nordestino.

            A narrativa é conduzida de maneira a destacar a humanidade dos personagens, mesmo quando imersos em um ciclo de violência. Isso é evidenciado nas cenas de interação entre os cangaceiros e a polícia volante, onde a sede compartilhada por água se torna um momento de trégua e reflexão.

            No entanto, alguns espectadores podem encontrar dificuldade em se conectar com a história devido ao ritmo por vezes lento e à estrutura narrativa que opta por uma abordagem mais lírica e menos convencional. A violência inicial que dá início ao relacionamento entre Corisco e Dadá pode ser perturbadora para o público, e a representação do cangaço pode ser vista como romantizada, apesar dos esforços do filme para mostrar a realidade dura dos personagens.

            Em termos de contribuição cultural, o filme é um exemplar significativo da Retomada do cinema brasileiro, um período marcado pela revitalização da produção cinematográfica nacional após anos de estagnação. A obra não apenas retrata um capítulo importante da história brasileira, mas também oferece uma perspectiva regional que enriquece o cinema nacional. A obra de Cariry dialoga com outros filmes do período, como “Baile Perfumado”, e ambos compartilham personagens e contextos históricos, celebrando a cultura nordestina e sua resistência.

            Em resumo, “Corisco e Dadá”, merece ser assistido por sua abordagem única da história do cangaço e por suas qualidades técnicas e artísticas. Apesar de algumas escolhas narrativas que podem não agradar a todos, o filme é uma peça importante do cinema brasileiro.

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