Os filmes ‘Coisas Úteis e Agradáveis’ e ‘Aragem’, do diretor Ricardo Alves Jr., entram hoje na plataforma da Embaúba Play
O ano de 2024 foi especialmente marcante para a Embaúba Filmes, com o lançamento de 10 obras nos cinemas de todo o país, consolidando o compromisso da distribuidora com a difusão do cinema brasileiro.
Neste ano a Embaúba Play, plataforma da distribuidora Embaúba Filmes com foco em cinema brasileiro independente, obteve 265 mil visualizações, 77 mil novos usuários, 13.467 horas de filmes assistidos e contou com 92 lançamentos.
A Embaúba Play lança hoje dois filmes do cineasta Ricardo Alves Jr., os curtas COISAS ÚTEIS E AGRADÁVEIS (2020) e ARAGEM (2022), destacando a singularidade de seu cinema, marcado por uma exploração rigorosa do tempo e do espaço.
O diretor mineiro constrói narrativas que exigem atenção, paciência e sensibilidade, revelando tremores sutis, silêncios inquietantes e diálogos densos. Sua obra transita entre cinema e teatro, ampliando as fronteiras das duas artes em exercícios criativos que resistem a respostas definitivas. Belo Horizonte, cenário recorrente, emerge como uma cidade estranha e labiríntica, refletindo a opacidade das personagens e a complexa relação entre subjetividade e coletividade.
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Leia o texto de Carla Maia, curadora da plataforma:
“Aragem e Coisas úteis e agradáveis estreiam na plataforma somando-se a outros nove trabalhos de Ricardo como diretor (há ainda, vale lembrar, filmes do catálogo em que ele participa como produtor, como Chuva é cantoria na aldeia dos mortos, de João Salaviza e Renée Nader Messora, ou colabora no roteiro, como em Pinta, de Jorge Alencar). Ambos realizados durante a pandemia, os curtas renovam as articulações entre cinema e teatro na obra do diretor.
Coisas úteis e agradáveis parte de livre inspiração em “As Cartas de Amabed” (séc. XVIII), de Voltaire. Entre ambientes escuros e planos fechados, constrói a atmosfera de confinamento a partir da qual escutamos Ravi (Germano Melo) – um homem hindu e brâmane, levado à força da Índia para a Itália por colonizadores europeus – contar sua história. A composição pictórica entre ele e os ambientes em penumbra reverbera sua posição diante das violências do mundo ocidental, prolongando os sentidos do texto narrado. A teatralidade, revelada especialmente na densa declamação do ator e diretor Germano Melo, confere ao filme um formalismo narrativo próprio.
Aragem, por sua vez, resulta da parceria de Ricardo com o grupo teatral Atrás do Pano em sua primeira experiência audiovisual. Neste filme, a intimidade com a duração da qual falávamos inicialmente se manifesta na maneira como a câmera acompanha o cotidiano da personagem vivida pela atriz Myriam Nacif. Ela vive sozinha e próxima ao mar. Dela sabemos pouco: que se recupera de alguma doença, que tem uma filha, uma neta pequena, que parece ter um amigo. A ela, importa arar os dias, reencontrar um ritmo próprio, sussurrar histórias de baleias, acompanhar uma criança, mirar o horizonte. Respirar, controlar a ansiedade, contar de um a dez. Não seriam ações que importam a todos nós? A passagem da história individual para a dimensão coletiva, gesto tão definidor do cinema de Ricardo, lembra-nos de atentar ao que narram os corpos, suas relações com o espaço em que vivem e o tempo próprio que inventam para si.”
FOCO RICARDO ALVES JR – EMBAÚBA PLAY
Lançamentos da semana:
Coisas úteis e agradáveis (Ricardo Alves Jr, Germano Melo, 2020)
Aragem (Ricardo Alves Jr, 2022)
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