Bonito Cinesur abre sua segunda edição com emocionante homenagem a Reginaldo Faria

Abertura do evento no Centro de Convenções da cidade foi apresentada por Lucélia Santos e Johny Massaro e contou com a exibição do filme Selva Trágica, de Roberto Farias

Lucélia Santos, Reginaldo Faria e Johnny Massaro (Foto: Eduardo Medeiros)

Bonito, um dos destinos de ecoturismo mais famosos do Brasil, abre a 2ª edição do CINESUR – FESTIVAL DE CINEMA SUL-AMERICANO. O festival, que começou ontem, 19 de julho, no Centro de Convenções da cidade, no Auditório Kadiwéu, teve como apresentadores os atores Lucélia Santos e Johnny Massaro que iniciaram a cerimônia de abertura citando a poética letra da canção “Cinema Novo”, de Gilberto Gil, que celebra a riqueza cultural do país e a capacidade da arte de provocar mudanças culturais.

“O filme quis dizer: ‘Eu sou o samba’

A voz do morro rasgou a tela do cinema

E começaram a se configurar

Visões das coisas grandes e pequenas

Que nos formaram e estão a nos formar (…)”

Aplaudido de pé pela plateia que lotou a sala Kadiwéu, no Centro de Convenções de Bonito, o ator e diretor Reginaldo Faria foi o grande homenageado na abertura do Bonito Cinesur na noite de sexta feira. Justamente celebrado por suas obras,  talento, coragem e paixão pelo cinema, o ator se emocionou muito ao receber o Prêmio Pantanal por sua contribuição à sétima arte. Reginaldo construiu uma trajetória consagrada atuando em 31 filmes e 50 novelas. Também dirigiu 8 longas e produziu mais de 50, com a RF Farias, empresa produtora em sociedade com seus irmãos. Sua interpretação marcante e carismática transita do cômico ao dramático, com personagens intensos, reveladores de um Brasil marginal, sofrido, maltratado, romântico, irônico e sedutor.

O filme de abertura exibido na noite de ontem foi “Selva Trágica” (1963), um dos grandes clássicos do cinema nacional, protagonizado por Reginaldo e dirigido por seu irmão, Roberto Farias. O longa denuncia as desigualdades sociais no campo, retratando a exploração dos trabalhadores no cultivo da erva-mate e pode ser visto como um espelho da sociedade brasileira. Na sua fala emocionada, o ator disse que não esperava que um filme feito há 61 anos ainda pudesse ser tão atual. “Quando recebi o convite do Nilson  para receber essa homenagem fui pego de surpresa”, disse. Aos 87 anos, Reginaldo falou que o cinema é a sua vida e ainda quer continuar trabalhando. Ele ainda relembrou a atriz Rejane Medeiros com quem contracenou em Selva Trágica e que faleceu no mês passado.

Nilson Rodrigues, diretor do Festival, destacou o evento como um espaço de encontro da produção sul-americana, que busca a diversidade cinematográfica, possibilita encontros de realizadores e discute caminhos para superar as barreiras que impedem de conhecermos o cinema e o audiovisual que é feito no continente sul americano. Apontou Bonito como um excelente cenário para se ter a linguagem audiovisual somada ao urgente e necessário debate sobre a responsabilidade que devemos ter com o ambiente em que vivemos.

Bruno Wendling, diretor presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (FUNDTUR), um dos apoiadores do festival, que representou também o governador Eduardo Riedel, destacou a importância do audiovisual para o turismo no Estado: “O turismo e o cinema andam lado a lado, porque os destinos e a natureza fazem parte do cenário das produções cinematográficas”.

Lucélia Santos e Reginaldo Faria (Foto: Eduardo Medeiros)

Nos próximos dias, a programação inclui diversas mostras competitivas de filmes sul-mato-grossenses, ambientais e sul-americanos, além de sessões infanto juvenis e pré-estreias no Cine Bonito, espaço inédito no centro da cidade que vai permitir que bonitenses e turistas possam ver filmes com toda a família, de forma gratuita. Oficinas e debates sobre cinema, com a participação de cineastas e especialistas, vão proporcionar trocas de experiências sobre a produção cinematográfica na América do Sul.

O Cine Bonito sediará ainda pré-estreias dos filmes “Ainda Somos os Mesmos”, “Placa-Mãe”, “Invisível,” e “A Filha do Pescador”. Estas exibições oferecerão ao público uma oportunidade exclusiva de ver tais produções antes de suas estreias oficiais.

No dia 27 de junho, às 16h30, no Centro de Convenções de Bonito, Auditório Kadiwéu, será exibido o filme de encerramento: “Terceiro Milênio” (1981), dirigido pelo reconhecido cineasta  Jorge Bodanzky. O diretor será homenageado e participará de uma conversa após a sessão. O filme aborda a potencialidade econômica do Amazonas e seus desvios, incluindo a corrupção na política indigenista e a presença de fábricas poluidoras.

Às 20h, após a exibição do filme, ocorrerá a entrega dos prêmios Troféu Pantanal para os vencedores das mostras competitivas, com a distribuição dos prêmios feita pela grande atriz Dira Paes.

O festival é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura, em parceria com o Ministério da Cultura (Governo Federal), com a emenda parlamentar do deputado Vander Loubet. Conta com patrocínio do Banco do Brasil, Agência Nacional do Cinema (Ancine), Correios, Caixa Econômica Federal e com apoio da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (FUNDTUR) e da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (SETESC) – Governo do Mato Grosso do Sul.

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