Avenida Beira-Mar (por Peter P. Douglas)

            Avenida Beira-Mar (2024), longa-metragem nacional dramático, distribuído pela Elo Studios, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 21 de novembro de 2024, com classificação indicativa 14 anos e 92 minutos de duração, dirigido por Maju de Paiva e Bernardo Florim.

            A história segue Rebeca (Milena Pinheiro), uma garota negra e tímida de 13 anos que, após a separação dos pais, se muda para perto da praia de Piratininga, em Niterói, com sua mãe Marta (Andréa Beltrão). Forçada a ficar em casa devido a uma onda de roubos na área, Rebeca vive confinada, com uma visão limitada da vida além do muro de sua casa.

            Sua solidão é quebrada quando ela conhece Mika (Milena Gerassi), uma adolescente trans que vive no subúrbio vizinho de Tibau. Mika, que não se identifica com o gênero que lhe foi imposto ao nascer e cujo nome de nascimento é João Pedro, enfrenta a rejeição dos pais e busca afirmar sua identidade através de pequenos delitos e da adaptação com as roupas da irmã mais velha.

            A amizade improvável entre Rebeca e Mika traz uma nova perspectiva à vida de ambas, mas também provoca a desaprovação dos adultos ao redor. Quando Mika é forçada a raspar o cabelo e vestir roupas masculinas, ela desaparece, desencadeando uma série de eventos que estremecerão as vidas de todos ao redor.

            A direção optou por adotar uma abordagem sem juízo de valores, colocando o público na posição de um terceiro que manifesta empatia pelo “diferente”. Rebeca, a protagonista, é uma personagem que facilita a aproximação do público com Mika, promovendo uma narrativa de inclusão e afeto.

            O filme é executado com sensibilidade e polidez, embora alguns espectadores possam considerá-lo um tanto antiquado para a época atual. As atuações das jovens protagonistas se destacam, assim como a performance de Andréa Beltrão, que traz ternura e evita clichês em seu papel.

            Apesar de seus méritos, o longa apresenta algumas falhas, como a falta de profundidade em certos conflitos e cenas desajeitadas na edição. A narrativa linear e clássica, embora segura, carece de ousadia estética e subversão da linguagem, resultando em um projeto correto, mas sem grandes riscos.

            Em resumo, “Avenida Beira-Mar” é uma obra bela e polida, que trata sobre identidade de gênero, amizade, inclusão e preconceito, de forma que, apesar de suas limitações, cumpre satisfatoriamente sua proposta.

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