(Quando o caçador se mistura a caça)
Armadilha (Trap, 2024), longa-metragem estadunidense de suspense, distribuído pela Warner Bros, estreou, oficialmente, nos cinemas brasileiros, no dia 08 de agosto de 2024, com classificação indicativa 14 anos e 107 minutos de duração.
O mais recente thriller de M. Night Shyamalan, prometia ser uma adição intrigante à sua filmografia, conhecida por suas reviravoltas inesperadas e narrativas complexas. No entanto, o filme parece ter se perdido em seu próprio labirinto de intenções. A premissa, que envolve um serial killer preso em uma armadilha durante um show de música pop, tinha potencial para ser fascinante, mas acaba sendo uma execução mal concebida que não consegue sustentar a tensão ou o interesse.
O protagonista, interpretado por Josh Hartnett, é um pai dedicado e ao mesmo tempo um assassino frio, uma dualidade que poderia ter sido explorada com maior profundidade. Infelizmente, a performance de Hartnett é prejudicada por um roteiro que não lhe dá espaço para desenvolver adequadamente ambas as facetas do personagem. Em vez disso, o filme opta por um tom cômico macabro que parece deslocado e força a credulidade do espectador.
A direção de Shyamalan, que já nos presenteou com obras-primas como “O Sexto Sentido”, aqui parece indecisa, oscilando entre o suspense e a comédia sem encontrar um equilíbrio satisfatório. Além disso, o uso de locais isolados e a tentativa de criar uma atmosfera claustrofóbica são subutilizados, resultando em cenas que deveriam ser tensas, mas acabam se tornando tediosas. O filme também sofre com um ritmo inconsistente, alternando entre momentos frenéticos e outros de estagnação narrativa, o que contribui para uma experiência de visualização frustrante.
Em resumo, “Armadilha” é um filme que não faz jus ao talento de Shyamalan como contador de histórias. O que poderia ter sido um thriller psicológico envolvente acaba sendo uma mistura confusa de gêneros que não atende às expectativas criadas em torno de seu conceito original. É uma pena ver um cineasta de seu calibre entregar um trabalho que fica aquém de seu potencial, especialmente quando se considera o sucesso de seus filmes anteriores.
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