Anticristo: O Exorcismo de Lara (por Jeff Rocha)

Jeff Rocha

“Anticristo: O Exorcismo de Lara” é baseado em uma história real que aconteceu em Eastfield, na Austrália, em 1994. Com o título original Godless: The Eastfield Exorcism, o filme estreou mundialmente no Festival de Cinema Overlook de 2023 e foi lançado em vídeo sob demanda (VOD) e plataformas digitais, recebendo críticas positivas.

A trama gira em torno de Lara, uma mulher atormentada entre a ciência e a fé. Em sua busca por alívio, seu marido a leva a uma congregação de fanáticos religiosos, onde um exorcista tenta salvar sua alma, levando-a a enfrentar uma verdadeira jornada de sofrimento.

Apesar de ser um filme sobre possessão, não espere aquele terror tradicional cheio de demônios e sustos. Na verdade, ele se inclina mais para o lado dramático, parecendo até um filme cristão em alguns momentos. O longa explora o fanatismo religioso e como o ser humano pode ser ignorante ao não buscar a ciência para tratar possíveis doenças.

O filme tem uma produção visivelmente limitada, com efeitos sonoros duvidosos e uma maquiagem bem fraca. No entanto, entrega boas atuações, uma montagem interessante e uma fotografia que cumpre o seu papel. O estilo de filmagem pode incomodar um pouco, já que falta um pouco de ousadia nas escolhas visuais.

Em uma pesquisa sobre o processo de filmagem, descobri que o filme foi gravado em apenas 20 dias, sem a opção de refilmagem para várias cenas. Isso deu ao projeto um ar de filme independente, quase amador. Durante o dia, filmavam, e à noite, já começavam a editar, o que mostra bem o ritmo frenético da produção.

O que deveria ser um terror demoníaco ou paranormal acaba se perdendo em um drama psicológico. Em vez de enfrentar demônios sobrenaturais, o terror vem da brutalidade dos próprios humanos, especialmente daqueles que deveriam proteger Lara, o que torna tudo ainda mais perturbador — e lembrar que isso tudo é baseado em fatos reais só deixa o filme mais desconfortável.

Você acaba se pegando pensando: como é possível que pessoas façam isso com outras por puro fanatismo religioso?

“Anticristo: O Exorcismo de Lara” é, no fim, um filme de terror psicológico que causa desconforto. A sensação de impotência é tanta que, em alguns momentos, você quer entrar na tela para salvar a personagem. No final das contas, fica a dúvida: será que enfrentar demônios seria menos aterrorizante do que lidar com a crueldade humana?

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