Agreste (por Peter P. Douglas)

            Agreste (2024), longa-metragem nacional dramático, distribuído pela Pandora Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 14 de novembro de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 103 minutos de duração.

            Se passa no coração do sertão, trazendo à tona uma narrativa de amor e liberdade contra o pano de fundo de uma sociedade conservadora e intolerante. A trama gira em torno de Etevaldo, interpretado por Aury Porto, um trabalhador rural nômade e reservado que esconde um passado sombrio. Sua vida toma um rumo inesperado quando ele conhece Maria, vivida por Badu Morais, uma jovem de espírito livre que está prometida em casamento a um influente homem da região. O encontro entre Etevaldo e Maria desencadeia uma paixão arrebatadora, levando-os a fugir juntos para escapar das amarras impostas por suas circunstâncias.

            Enquanto buscam refúgio, eles encontram abrigo na casa de Valda, uma senhora religiosa interpretada por Luci Pereira, que acolhe Maria como se fosse sua filha. No entanto, a chegada de Ribamar, um policial e sobrinho de Valda, interpretado por Jaedson Bahia, aumenta a tensão na história. Ribamar está investigando um sequestro, e suas descobertas começam a revelar o segredo de Etevaldo, colocando em risco o amor entre ele e Maria e expondo-os ao ódio da comunidade local.

            O filme explora temas profundos como preconceito, intolerância e a luta pela liberdade individual. A relação entre Etevaldo e Maria é retratada não como um romance idealizado, mas como uma parceria forjada na adversidade, onde a confiança e a sobrevivência são elementos cruciais.

            A direção de Sérgio Roizenblit e Ricardo Mordoch, junto com a adaptação da peça homônima de Newton Moreno, sugere uma abordagem que valoriza a autenticidade cultural e a representatividade regional. A escolha de um elenco predominantemente nordestino e a utilização de locações reais no sertão brasileiro reforçam o compromisso do filme com a verdade e a profundidade da história que ele se propõe a contar. A fotografia, assinada por Humberto Bassanello, captura a beleza árida do sertão, enquanto a trilha sonora de Dante Ozzetti complementa a narrativa com uma imersão sonora que une os sons da natureza aos instrumentos regionais.

            No entanto, a adaptação da obra teatral de Newton Moreno, embora ambiciosa, às vezes se perde na transição para a tela, mantendo uma certa alegoria que pode não se traduzir bem no meio cinematográfico. Além disso, a narrativa pode parecer lenta para alguns espectadores, com um prólogo sem diálogos que demora a estabelecer a presença dos personagens.

            Em resumo, “Agreste”, oscila entre o sucesso em capturar a essência do sertão brasileiro e as dificuldades inerentes à adaptação de uma peça teatral para o cinema. Pode não ser acessível a todos os públicos devido ao seu ritmo e linguagem específicos, requerendo paciência e disposição para mergulhar na prosa e na poesia do Agreste brasileiro.

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