A Última Sessão (Last Film Show AKA Chhello Show, 2021), longa-metragem dramático indiano, distribuído pela Cup Filmes, estreia, exclusivamente, no CineSesc São Paulo, a partir do dia 12 de dezembro de 2024, com classificação indicativa 10 anos e 110 minutos de duração.
Filme independente da Índia regional. Geograficamente, Gujarat (onde o filme se passa) é bem perto de Mumbai e da indústria cinematográfica multibilionária de Bollywood, mas em termos reais, está a um milhão de quilômetros de distância.
O longa nos apresenta a história de Samay (Bhavin Rabari), um menino de 09 anos, extremamente pobre, que trabalha para seu pai – conservador – vendendo xícaras de chá para passageiros na estação ferroviária local. Um dia, o pai surpreende a família levando-os para assistir a um filme no cinema, o que geralmente desaprovaria, mas este, ele diz, é bom, pois trata-se de um filme religioso.
Mas é um filme religioso de Bollywood, então, antes que a moral final seja dita, há três horas de música, dança, emoção, drama, cor e luz no que assistem. E é nesse momento que, Samay, mostra-se irremediavelmente apaixonado. Ele quer mais. Porém, dada a atitude de seu pai e o fato de sua família estar permanentemente falida, o menino não vê outro jeito senão arriscar-se para conseguir seu objetivo.
Em outro dia, Samay tenta entrar sem pagar no cinema, porém, logo é visto, jogado para fora pelo dono e, mais dolorosamente – por perder seu trem – é dedurado para o pai. Como dito, um homem da velha guarda que acredita que poupar a vara, estraga a criança!
Sua mãe, por outro lado, aparenta ser mais flexível, preparando um almoço delicioso para Samay levar a escola todos os dias. Na verdade, só a vemos cozinhando o filme todo, mas o que ela perde no desenvolvimento de personagem, ganha em fornecer um ponto da trama.
O almoço delicioso de Samay atrai a atenção de Fazal (Bhavesh Shrimali), projecionista do cinema. Samay oferece um acordo. Ele será útil na sala de projeção e poderá assistir aos filmes exibidos. Em troca, dividirá o almoço feito por sua mãe.
E então, depois de assistir cada filme, Samay reúne seus amigos e conta sobre as histórias que viu. Seu amor por filmes prova ser contagiante. Mas logo ele não se contenta em apenas contar essas histórias. Ele quer encontrar uma maneira de compartilhá-las, também, assim como as vê. Mas com chegada da transição entre o analógico e o digital, o inevitável acontece, fazendo com que Samay tenha que tomar decisões importantes.
Dirigido por Pan Nalin, responsável pelo filme de arte chamado Samsara (2001), que causou impacto no circuito de festivais há alguns anos. A Última Sessão é um longa semiautobiográfico, inspirado na própria infância de Pan Nalin, que cresceu em uma vila semelhante e desenvolveu uma paixão pelo cinema desde cedo. A narrativa é uma homenagem ao poder transformador do cinema e à magia das histórias contadas na tela grande.
Uma história tão leve quanto essa depende de quão bem ela é contada. E ela é bem contada, com muitos momentos que emocionam o público. Tanto é que, teve charme suficiente para ser a indicação da Índia para concorrer à vaga de Melhor Filme Internacional no Oscar, em 2023.
As performances do elenco, especialmente de Bhavin Rabari como Samay, são comoventes e autênticas. Rabari traz uma inocência e curiosidade genuínas ao personagem, tornando fácil para o público se conectar com sua jornada.
A trilha sonora de Cyril Morin complementa perfeitamente a narrativa, adicionando camadas de emoção e profundidade às cenas. O filme também aborda temas importantes, como a transição do cinema de celuloide para o digital e o impacto cultural das mudanças tecnológicas.
Em resumo, “A Última Sessão” é uma celebração do cinema e da paixão por contar histórias. É um filme que atinge qualquer pessoa que já se apaixonou por um filme e que entende o poder transformador das histórias. Uma obra imperdível para os amantes do cinema e para aqueles que apreciam uma narrativa bem contada e visualmente deslumbrante.
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