A Menina e o Dragão (por Casal Doug Kelly)

(A jornada de uma heroína para cumprir seu destino)

            A Menina e o Dragão (Dragonkeeper, 2024), longa-metragem de animação, coprodução China e Espanha, distribuído pela Imagem Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 19 de setembro de 2024, com classificação indicativa livre e 99 minutos de duração.

            Obra que navega entre o encantamento visual e a previsibilidade narrativa. A direção de Salvador Simó e Li Jianping apresenta um espetáculo de animação que brilha em sua execução técnica, mas tropeça em um roteiro que carece de originalidade.

            Baseada no livro de Carole Wilkinson, a história se passa na China Imperial e segue as aventuras da escrava Ping, uma jovem órfã com uma conexão especial com os últimos dragões imperiais, em especial, Long Danzi. A premissa, embora promissora, desenrola-se de maneira a obedecer uma fórmula já muito conhecida do público, com reviravoltas esperadas e um desenvolvimento de personagem que, apesar de satisfatório, não oferece novidades ao gênero.

            A trilha sonora, composta por Arturo Cardelús, é uma das joias da coroa deste filme, capturando perfeitamente o espírito e a emoção das cenas, destacando-se “In Ancient Times”, uma canção-tema que encapsula a essência da história.

            A animação é, sem dúvida, o principal ponto alto do filme. Os detalhes meticulosos dos cenários e a fluidez dos movimentos dos personagens são um deleite visual que compensa, em parte, a falta de profundidade na trama. A representação de uma China mítica é rica e imersiva, transportando o espectador para um mundo onde a magia ainda é possível. A dublagem brasileira, liderada por Bella Chiang, traz vida à corajosa Ping com uma performance que captura as dúvidas de uma heroína relutante, embora por vezes a atuação pareça limitada pelas restrições do próprio roteiro.

            O filme faz um uso competente do folclore chinês, mas falha em ultrapassar os clichês do gênero. A jornada de Ping e Long Danzi é pontuada por lições sobre coragem, amizade e autoconhecimento, temas recorrentes que são tratados com respeito, mas sem inovação. A narrativa se beneficia da química entre os protagonistas, que oferece momentos genuínos de conexão emocional, mas esses são ofuscados por uma sensação de déjà vu que permeia a aventura.

            No final das contas, “A Menina e o Dragão” é um filme que encantará o público mais jovem com sua estética e aventura simples, mas pode deixar os espectadores mais exigentes ansiando por uma história com mais substância e originalidade. Para aqueles que buscam uma experiência cinematográfica que equilibra entretenimento familiar e riqueza cultural, este filme pode ser uma escolha adequada, mas para os aficionados por narrativas mais complexas e desafiadoras, pode não passar de um passatempo agradável.

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