A Estrela Cadente (por Peter P. Douglas)

(Nem toda estrela cadente realiza pedidos)

A Estrela Cadente (L´étoile Filante, 2023), filme francês de suspense e comédia dramática, distribuído pela Pandora Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas, a partir de 16 de maio de 2024. Dominique Abel (francês-belga) e Fiona Gordon (canadense-australiana), dirigirem, protagonizam e são responsáveis pelo roteiro. Repetindo a parceria realizada nos filmes: Perdidos em Paris (2016), Rumba (2008) e O Iceberg (2005), onde também dirigem, estrelam e roteirizam.O longa, em seus 98 minutos de duração, utiliza mais movimentos em suas cenas do que diálogos, numa mistura de filme noir com comédia pastelão a lá Os Trapalhões, só que com humor que beira ao constrangedor.

No que diz respeito ao enredo do filme, este foi roteirizado para parecer propositalmente inverídico. Assim, seria possível ao protagonista Dominique Abel, interpretar dois papéis intercambiáveis, o de Boris (ex-ativista que trabalha como bartender no Estrela Cadente, tendo cometido anos antes um atentado que matou e feriu pessoas e que o assombra durante seus sonhos) e o de Dom (um homem divorciado e solitário – exceto por sua cachorra Elizabeth – que sofre de depressão após a morte do filho). Um duplo do outro.

Completando o elenco principal, ainda temos Kayoko (Kaori Ito), proprietária do Estrela Cadente e esposa de Boris, que o ajuda a se esconder e em trocá-lo de lugar com Dom. Tim (Philippe Martz), segurança do bar, e responsável por executar o plano de troca sugerido por Kayoko. Fiona (Fiona Gordon), detetive particular e ex esposa de Dom, que achando estranho seu sumiço começa a procurá-lo. E, por fim, Georges (Bruno Romy), um homem que perdeu o braço na explosão do atentado organizado por Boris, e agora utiliza um braço biônico defeituoso. Aliás, os momentos mais satíricos do filme envolvem as cenas de Georges e seu inarticulado braço inorgânico.

No elenco coadjuvante temos Homer (Bruce Ellison), vizinho de Dom, e Patrícia (Céline Laurentie), uma das clientes de Fiona, buscando seu cão desaparecido William (essa procura tem final feliz, numa cena muito engraçada em seu encerramento).

Entre a greve dos ônibus locais e a dos funcionários do hospital, o filme raramente apresenta mais de um ou dois figurantes ao mesmo tempo, até que ocorre uma grande cena perto do final, onde são creditados 81 nomes, como os manifestantes que saem às ruas.

Praticamente todo os personagens da trama parecem ter sido escritos para sofrer de diferentes graus de problemática pessoal, que podem ser atribuídos a amores perdidos, braços perdidos e causas perdidas, mas que por serem pouco trabalhados pelo roteiro, seu impacto é ineficaz emocionalmente com o público.

Uma coisa é certa, o filme trabalha muito bem sua trilha sonora e a fotografia, reparem como os personagens utilizam o mesmo figurino, em dias e situações diferentes, e a música ajuda a refletir suas sensações. Estrela Cadente não possui o carisma e nem o humor necessário para levar o público aos montes para o cinema, mas por ser bem produzido e, saber utilizar e extrair do elenco habilidoso que tem, principalmente em cenas que requerem simetria (cada cena é meticulosamente composta e coreografada), vale a pena uma conferida para aqueles que buscam fugir da cinematografia tradicional.

Publicado originalmente em https://www.parsageeks.com.br/2024/05/critica-cinema-estrela-cadente.html

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