Imaculada (por Peter P. Douglas)

(A salvação nem sempre é doce)

Em uma parceria que se mostrou positiva, após o thriller erótico The Voyeurs (2021), tornou-se evidente o interesse da atriz e produtora Sydney Sweeney e do diretor Michael Mohan em explorar novos horizontes. Assim, era inevitável que em um futuro não tão distante, direcionassem seu foco para algo mais ousado. Dessa vez, foi uma figura central da fé cristã no filme Imaculada. Este longa-metragem é um terror que, apesar de sua irregularidade, se destaca por ser diferente dos típicos filmes religiosos.A performance envolvente de Sweeney como uma freira inocente, cuja gravidez misteriosa levanta questões que transcendem a mera preocupação com o bem-estar do bebê, culmina em um desfecho arrepiante e diabólico.

Irmã Cecília (Sweeney), vinda de Michigan para o coração da Itália, ignora alegremente os desafios que a aguardam e está pronta para servir a Deus, mesmo em um primeiro contato com funcionários alfandegários invasivos. “Que desperdício”, comentam entre si em uma língua estrangeira ao americano. Por razões distintas, Irmã Cecília busca o conselho do sacerdote, Padre Sal Tedeschi (Álvaro Morte), que tenta se conectar com ela compartilhando seu próprio percurso atípico até o convento, tendo começado seus estudos em biologia antes de se voltar inteiramente para a fé.

Em um enredo onde ciência e religião raramente se alinham, elas se entrelaçam de maneira inesperada na trama explosiva criada pelo escritor Andrew Lobel, especialmente quando Irmã Cecília começa a sofrer de náuseas matinais.

O filme ganha um impulso narrativo em sua metade, ou melhor, no seu segundo trimestre, como dito em sua passagem de tempo. É nesse ponto que as incertezas de Cecília se intensificam, em paralelo ao avanço de sua gravidez. Antes mesmo que o padre Sal e seus seguidores intensifiquem seus esforços para reter Cecília e o milagre que ela carrega, ela revela ser mais astuta e corajosa do que eles poderiam supor, transformando a narrativa em um eletrizante thriller de sobrevivência.

O filme, por vezes, recorre a sustos calculados e sonoridades estrondosas para criar tensão, embora esses elementos pareçam desconectados da trama principal, assim como as figuras ameaçadoras de capuzes negros e máscaras vermelhas, cuja função na história não é completamente explorada. Contudo, a representação do convento, com seus corredores filmados de maneira sublime, constitui um cenário muito mais convincente, do qual Irmã Cecília precisa desesperadamente fugir.

Em essência, é fundamental avaliar um filme pela sua identidade própria e não pelas expectativas pessoais. Imaculada se destaca como uma obra cinematográfica de qualidade, com potencial para satisfazer os entusiastas do gênero, embora não atinja a excelência. Isso se deve, em parte, à sua hesitação em explorar plenamente as possibilidades que o gênero permite.

Publicado originalmente em https://www.parsageeks.com.br/2024/06/critica-cinema-imaculada.html

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