Tesouro (por Peter P. Douglas)

            Tesouro (Treasure, 2024), longa-metragem dramático, coprodução Alemanha, Bélgica, Estados Unidos, França, Hungria e Polônia, distribuído pela Califórnia Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 21 de novembro de 2024, com classificação indicativa 14 anos e 111 minutos de duração, dirigido por Julia Von Heinz, baseado no romance autobiográfico “Too Many Men” (2001) de Lily Brett.

            A história se passa em 1991 e segue Ruth (Lena Dunham), uma jornalista americana que viaja para a Polônia com seu pai Edek (Stephen Fry), um sobrevivente do Holocausto. Ruth está determinada a explorar as raízes de sua família e entender melhor o passado de seu pai. No entanto, Edek, que há muito tempo decidiu deixar seu passado para trás, resiste a reviver suas memórias traumáticas e sabota a viagem, criando situações involuntariamente engraçadas.

            Conforme a viagem avança, Ruth e Edek enfrentam conflitos geracionais e emocionais, mas também encontram momentos de conexão. A jornada se transforma em uma história que encapsula a emoção da descoberta, enquanto pai e filha navegam pelas complexidades de seu relacionamento e do passado familiar.

            A romancista e ensaísta australiana Lily Brett é filha de sobreviventes do Holocausto e escreve frequentemente sobre esse tópico e condição. Uma das muitas características do livro em que o filme se baseou é uma série de conversas que a filha tem com o que ela imagina ser o fantasma do comandante de Auschwitz, Rudolph Hoess. Isso mesmo, o Rudolph Hoess, também escrito Hoss, um personagem da vida real que foi o personagem principal no controverso “Zona de Interesse” (2023) de Jonathan Glazer.

            Ao adaptar o romance de Brett para o cinema, a diretora e co-roteirista (com John Questor) Julia von Heinz omite o material de Hoss, sabiamente, mas o que ela cria para adicionar em seu lugar é relativamente desconexo.

            Este é um filme confuso. Seu ritmo é pesado, sua estrutura desequilibrada e, embora Dunham e Fry sejam ambos atores de primeira linha, seus personagens são difíceis de compreender completamente. Ainda assim, se destacam em cenas individuais poderosas, como quando Edek é inapropriadamente intrometido (com razão) sobre a vida pessoal de Ruth ou quando, em Lodz, Ruth barganha sobre a porcelana da família com os ocupantes da antiga casa de seus pais. E a sequência de Auschwitz é surpreendentemente bem conduzida. Quase o suficiente para que você possa se sentir inclinado a perdoar o desfecho sentimental.

            Em resumo, “Tesouro” embora tenha alguns pontos fracos, oferece uma visão sensível e humorística sobre a reconciliação familiar e a exploração do passado. Vale a pena uma conferida!

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