Mouse Trap – A Diversão Agora é Outra (por Peter P. Douglas)

            Mouse Trap – A Diversão Agora é Outra (Mickey Mouse’s Trap, 2024), longa-metragem canadense de terror e comédia, distribuído pela A2 Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 14 de novembro de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 80 minutos de duração.

            A trama utiliza o visual do camundongo Mickey Mouse, em sua primeira aparição, durante o curta-metragem animado de 1928 da Disney, “Steamboat Willie”, que entrou em domínio público nos Estados Unidos. É dirigido por Jamie Bailey, com base em um roteiro de Simon Phillips. Os dois repetem a parceria realizada em “Deinfluencer” (2022).

            O filme começa com um aviso que claramente visa distanciá-lo da Disney e de tudo que possa levar seus criadores a serem processados. O aviso é apresentado em um design do tipo abertura de Star Wars, e é escrito com um tom alegre e cômico. Se você rir desse aviso, provavelmente se divertirá com este filme. Se você revirar os olhos para o aviso, talvez queira pensar em encontrar outra coisa para assistir.

            A história mostra os detetives Cole e Marsh tentando entrevistar Rebecca – sobrevivente do massacre recente em um fliperama – para descobrir quem estava por trás dos assassinatos. Rebecca relutantemente começa a contar o que aconteceu. Que Alex e Jayna (Madeline Kelman), funcionárias do fliperama, foram instruídas pelo chefe, Tim Collins, a ficarem depois do horário devido a uma reserva de última hora. Na verdade, a reserva se trata de uma festa surpresa de aniversário, organizada por Marcus e seus outros amigos, para Alex. Ocorre que, um pouco antes da festa, Tim encontra uma máscara do Mickey Mouse que começa a falar com ele, colocando-o em transe. Ao vestir a máscara, as coisas saem do controle de maneira fatal.

            Simon Phillips estrela o longa como Tim/Mickey. Sophie McIntosh estrela como Alex, e é acompanhada por seus amigos Marcus (Callum Sywyk), Rebecca (Mackenzie Mills), Ryan (Ben Harris), Marie (Allegra Nocita), Gemma (Mireille Gagné), Jackie (Kayleigh Styles), Paul (James Laurin) e Danny (Jesse Nasmith).

            Algo que devo ressaltar é que, a maior parte do filme é apresentada como um flashback do ponto de vista de Rebecca. Até ai tudo bem! O problema é que em muitas cenas Rebecca está completamente ausente. Então por mais que o roteiro até tente explicar, é melhor ignorar.

            Quanto a tensão, necessária em filmes de terror, o roteiro tenta fornecê-la de algumas maneiras, ainda que de forma insuficiente. A primeira e mais óbvia, ocorre através de um quadrilátero amoroso formado por Alex e três de seus amigos. Porém, a paixão de um deles é mencionada uma única vez e depois esquecida. E seus outros dois admiradores, apresentados como rivais por sua afeição, ocasionam um pouco de drama e quase nenhuma significância no enredo.

            A outra fonte de tensão é, obviamente, o assassino na máscara do Mickey Mouse. Como um vilão slasher de baixo orçamento, funciona bem. Ele é uma presença grande e imponente, e a máscara é um toque legal (quando não está dobrada e quando a barba do ator não está aparecendo pelo buraco da boca). Infelizmente, entender o assassino é desnecessariamente complexo.

            Por algum motivo, “Mickey” tem a habilidade de se teletransportar. Ele também é vulnerável a luzes piscantes, embora a extensão de sua vulnerabilidade não seja bem explorada, fazendo com que pareça inconsistente. Isso é um problema quando se trata do confronto final, onde os sobreviventes restantes tentam explorar as fraquezas do vilão. O final, no geral, é anticlimático, em parte, porque o público não tem certeza sobre como as fraquezas do Mickey funcionam.

            Todos os deslizes apontados, poderiam ser compensados se o filme tivesse muito sangue e mortes divertidas, mas não, nada disso! A maior parte da violência real acontece em off (fora da tela) ou é mascarada de alguma outra forma. Os poucos momentos de morte na câmera são feitos com CGI, e de forma ridícula.

            Em resumo, “Mouse Trap – A Diversão Agora é Outra” tenta misturar terror e comédia, mas falha em ambos os aspectos. A trama é fraca e previsível, o roteiro é mais furado que queijo suíço e a execução deixa muito a desejar. Se você é fã de filmes de terror de baixa qualidade, pode até encontrar algum entretenimento aqui, mas, de modo geral, é um filme que pode ser facilmente ignorado.

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