Foram os Sussurros Que Me Mataram, longa-metragem dramático nacional, produzido pela Grafo Audiovisual e distribuído pela Olhar Distribuição, estreia, oficialmente, nos cinemas, a partir de 09 de maio de 2024, com classificação etária 14 anos, tendo sido exibido, anteriormente, na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes (Mostra Olhos Livres).
A direção ficou por conta de Arthur Tuoto, crítico e cineasta brasileiro, que também assina o roteiro, onde utiliza citações dos escritores Nassim Nicholas Taleb, T.J. Clark, Oscar Wilde, Buckminster Fuller, J.G. Ballard e Don DeLillo.
Durante os 75 minutos de duração do longa (quase um média-metragem), encontramos uma trama que, assim como o elenco, é enxuta, mas de qualidade. Ingrid Savoy (Mel Lisboa), é uma atriz prestes a entrar em um reality show, passando os dias que o antecedem, confinada no quarto de um hotel, onde tem visões premonitórias, quase sofre o assédio de um fotografo paparazzi e, ouve, tiros e sirenes, do lado de fora de sua janela, numa eclosão de atentados anarquistas pela cidade, na distopia em que vive. Sara (Carla Rodrigues) e Nero (Otavio Linhares), respectivamente, assessora de Ingrid e o diretor da rede onde será transmitido o reality, são os únicos a trazerem notícias – muitas vezes não confiáveis – do que está ocorrendo fora daquele quarto de hotel, em um filme que sugere muito e mostra pouco.
O cenário externo é uma abstração dentro da obra, pois, tudo o que o público acompanha é a perspectiva de Ingrid, que ocorre somente dentro do quarto de hotel. O narcisismo da personagem de Mel Lisboa é um dos grandes pontos altos do roteiro, junto a seu cinismo, o primeiro representado por acreditar que todos os acontecimentos possuem relação com ela, e o segundo por se importar mais com qual perfil utilizaram para anunciá-la, do que com uma possível ameaça real.
As atuações frias e os diálogos antinaturais (robotizados), assim como, citações aleatórias dos personagens, fazem parte da ideia concebida pelo diretor e roteirista para mostrar um estado de alienação e loucura alimentado por uma máquina midiática em que a imagem vale mais que todo resto, ou seja, o poder da imagem é capaz de afetar massas inteiras.
Vale destacar a participação do ator Pedro Gaeta no longa, cujo seu personagem (Fã) aparenta ser o único que realmente trará notícias com confiabilidade do que está acontecendo do lado externo do quarto e que interagirá com a protagonista verdadeiramente para ajudá-la.
Foram os Sussurros Que Me Mataram, se trata de uma experiência, no sentido literal da palavra. Todos os envolvidos na produção parecem ter se entregado ao projeto, mas a experimentalidade utilizada no longa, não alcança todos os públicos. O que deixa descontente quem busca o que a sinopse promete, mas não entrega. É um filme de palavras e não de ações.
Publicado originalmente em https://www.pegaessanovidade.com.br/pega-essa-dica-foram-os-sussurros-que-me-mataram/
Compartilhe