Palazzina Laf (2023), longa-metragem dramático italiano, com 99 minutos de duração, mergulha profundamente na complexidade do primeiro caso de mobbing (assédio moral) na Itália, ocorrido na planta siderúrgica Ilva em Taranto.
Dirigido, roteirizado e protagonizado por Michele Riondino, é baseado no livro “Fumo Sulla Città (2013)” de Alessandro Leogrande, e presta uma homenagem sincera ao autor falecido. A narrativa segue Caterino (Michele Riondino), um operário simples e rude da Ilva de Taranto, na Puglia, que é recrutado pelos executivos da empresa para espionar seus colegas e denunciar trabalhadores problemáticos. Na busca por motivos para suas denúncias, ele acaba sendo transferido para o prédio LAF, onde descobre que o aparente paraíso é uma estratégia perversa para quebrar psicologicamente os trabalhadores, empurrando-os para a demissão ou rebaixamento. Sem saída, Caterino percebe que também está preso nesse inferno.
O filme, embora aborde um tema tão significativo, tropeça na execução. O ritmo é inconsistente, alternando entre momentos de intensa emoção e segmentos bem arrastados, que o prolongam além do necessário. Ademais, poderia se beneficiar de uma edição mais apertada para manter o foco na história principal sem sacrificar a profundidade dos personagens, pois perde-se, às vezes, em seu próprio simbolismo, especialmente na representação onírica de Caterino como Judas, que, pode confundir o público quanto à sua relevância para a narrativa central.
Apesar de estrear como diretor e roteirista, o protagonista Riondino, já atuou em diversos outros longas-metragens, e por isso, já acostumado aos holofotes, entrega um personagem dentro do que a história pede. Os personagens secundários são bem interpretados, porém, sem grandes destaques, exceto por Elio Germano, que interpreta Basile, o despótico dirigente empresarial bom de conversa, e cuja as aparições são reduzidas.
Em termos de impacto social, tenta destacar as injustiças enfrentadas pelos trabalhadores e as consequências humanas das decisões corporativas. É um retrato cru e muitas vezes perturbador de uma realidade que muitos prefeririam ignorar.
Em resumo, “Palazzina Laf”, apesar de uma execução problemática e ritmo inconsistente, traz as telas uma visão perspicaz sobre um caso histórico de injustiça trabalhista, contribuindo com uma maior propagação do assunto.
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