A Arca de Noé (por Peter P. Douglas)

            A Arca de Noé (Noah’s Ark, 2024), longa-metragem nacional de animação dos gêneros musical e aventura, distribuído pela Imagem Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 07 de novembro de 2024, com classificação indicativa livre e 90 minutos de duração.

            Obra que se destaca por sua abordagem visual vibrante e pela inclusão de um elenco de dublagem estelar, com nomes como Rodrigo Santoro, Marcelo Adnet, Alice Braga, Seu Jorge, Lázaro Ramos, Heloisa Périsse, Ingrid Guimarães, Bruno Gagliasso, entre outros.

            Inspirada na poesia de Vinicius de Moraes, a narrativa traz uma nova vida à clássica história bíblica, entrelaçando-a com a cultura brasileira de maneira única e inovadora. O filme, dirigido por Alois Di Leo e Sérgio Machado, apresenta uma narrativa divertida e bem elaborada, que consegue capturar a atenção tanto de crianças quanto de adultos.

            A trama gira em torno dos personagens Vini (Santoro) e Tom (Adnet), dois ratinhos com talento musical, que enfrentam o dilema de quem será deixado para trás quando Noé começa a reunir os animais para sua arca. A personagem Nina (Alice Braga), uma rata fêmea, traz uma dinâmica interessante ao grupo, enquanto eles navegam pelos desafios impostos pelo leão Baruk, que aspira a liderança na arca. O roteiro incorpora expressões e referências modernas, criando um diálogo com as novas gerações.

            A história enfatiza a importância da amizade, coragem e criatividade, valores que são essenciais para superar adversidades. Além disso, a trilha sonora emocionante e as cores vibrantes contribuem para a experiência.

            Em termos de produção, é um marco para a animação brasileira, demonstrando que o país é capaz de produzir obras de alta qualidade que podem competir no cenário internacional. O processo de gravação das falas antes da produção das imagens, e a utilização da expressão corporal dos dubladores durante a captura das falas, são técnicas que enriquecem a animação, dando vida aos personagens de uma maneira autêntica e expressiva.

            No entanto, a animação encontra alguns problemas de execução. O primeiro é a falta de fluidez que ocorre em vários momentos, o que deixa a narrativa arrastada. O outro é a maneira como o filme aborda temas sensíveis, como a representação da comunidade LGBTQIAPN+. Essa escolha de roteiro pode ser vista como um deslize significativo, especialmente em uma produção voltada para o público infantil, que deveria promover a inclusão e a diversidade de maneira positiva.

            Em resumo, “A Arca de Noé” é uma animação que celebra a cultura brasileira e a beleza do trabalho de Vinicius de Moraes, ao mesmo tempo em que enfrenta desafios em sua execução e na abordagem de temas delicados. É uma obra que merece reconhecimento pelo seu valor artístico e pela contribuição à diversidade cultural no cinema de animação.

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