Chabadabadá (2024), série nacional dramática, com classificação indicativa 16 anos e 6 episódios de, em média, 26 minutos de duração cada. Explora as complexidades das relações atuais através das lentes de Quincas, interpretado por Matheus Nachtergaele.
A série, inspirada no livro homônimo de Xico Sá, mergulha nas aventuras e desventuras do “macho perdido e da fêmea que se acha”, explorando com humor e crítica os papéis de gênero nos relacionamentos modernos. Cada episódio, é uma cápsula que captura a essência das ideias do autor, transportando-as para o cenário vibrante do Recife, onde a série é ambientada.
A direção de Tuca Siqueira e Júlia Moraes concede espaço para que tanto narrativa quanto atuação brilhem. A história segue Quincas, um cronista comportamental que, após ser abandonado por sua companheira Rita, interpretada por Lalá Vieira, se vê perdido em um turbilhão de emoções e incertezas. A série aborda com sensibilidade temas como masculinidade, vulnerabilidade e a busca por um novo sentido na vida após uma perda significativa.
Apesar de suas qualidades, a obra seriada não é perfeita. Alguns espectadores podem encontrar a representação das personagens femininas problemática, pois, apesar de suas vidas serem afetadas por atitudes machistas, elas parecem conformar-se com as circunstâncias, o que pode ser interpretado como uma falta de profundidade ou autonomia. Além disso, ainda para alguns, a série, ao centrar-se em um protagonista masculino e suas experiências, corre o risco de perpetuar certos estereótipos, apesar de seu esforço em mostrar a fragilidade da fortaleza masculina.
Os personagens secundários, como Joana, vivida por Hermila Guedes, e Mafê, interpretada por Aura do Nascimento, embora tenham momentos em que brilham, às vezes são ofuscadas pelo foco intenso em Quincas. A inclusão de atores locais é um ponto positivo, trazendo autenticidade e diversidade ao elenco, mas a série poderia beneficiar-se de um desenvolvimento mais equilibrado entre os personagens.
Em resumo, “Chabadabadá” é uma série que acerta em muitos aspectos, como a atuação, a direção e a capacidade de provocar reflexão. No entanto, a representação de gênero e o desenvolvimento de personagens secundários são áreas que poderiam ser melhor exploradas. A série é uma adição valiosa à dramaturgia nacional, oferecendo uma perspectiva sobre as dinâmicas de relacionamento e a identidade masculina no Brasil atual.
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